Sentou no sofá a espera de algum telefonema. Ela só queria ouvir a voz de alguém. Uma única frase bastaria para que ela dormisse feliz.
Horas e horas tentando atrair o toque do telefone com o pensamento e nada. Quem poderia ligar naquele momento? Ninguém.
Há mais de dois meses o telefone não tocava para faze-la se sentir importante. Por que iria acontecer hoje?
Desanimada, levantou vagarosamente. Pra que ficar a noite toda no sofá? Pôs-se em direção à porta. Aonde iria ela agora? Novamente ao elevador?
Cada passo acelerava seus batimentos, sua respiração e sua ansiedade. Pisava firmemente, não tinha dúvidas do caminho a seguir.
O destino era o de sempre. Estava decidida. Não havia perdido tudo para o espelho da gaiola gigante?
Queria recuperar seu brilho, sua cor, suas sardas, sua alegria. Queria ser feliz. Por que ficar esperando alguém lhe contar sobre sua importância?
Apertou o botão. A porta abriu. Involuntariamente, seus pés caminhavam. A gaiola gigante esperava por ela.
Novamente encontrou a moça de olhar cansado e desacreditado, a pele continuava desbotada. Estava ali ainda? Por que não libertá-la?
Naquela noite, ela quebrou o espelho e retirou de lá suas forças.
Enquanto isso,dentro do apartamento, o telefone tocava insistentemente sem ser ouvido...
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