7 de set. de 2008

Caso

Eu tenho um caso.
Essa foi a melhor maneira que encontrei para começar a explicar os meus dias nebulosos. Não que eu precise explicá-los a alguém, mas é como se eu fosse parte de duas vidas que coexistem.
Eu tenho poucos problemas; carrego os triviais, aqueles que todos batalham para vencer. Tenho problemas pequenos, não gigantes. O maior deles é ter um caso. Um não, dois.
Eu quero ser livre. Sempre quis. Por isso, às vezes, escolho a solidão, para sentir que eu ainda tenho o direito de escolher. Me demoro um pouco dentro dela e começo a sentir falta do que, antes, eu tinha. Tomo uma aspirina para ver se passa, mas sempre me lembro que solidão não se cura com aspirina.
O segundo caso que arrumei tem cortado as minhas asas, não porque ele queira assim, mas estou presa a alguma coisa que não me deixa ir pra frente. Na verdade, eu perdi minhas asinhas e to esperando que elas voltem a crescer.
Antes de ter esse segundo caso, eu tinha um outro bem mais saboroso.
Eu tive um caso com ela mas, não sei como, ele acabou pela segunda vez. Ela continua, foi só o caso que acabou mesmo. E agora eu vou contar essa história de amor:
Meu caso com ela começou há muito tempo atrás, quando eu ainda era uma criança bobalhona. É, bobalhona mesmo. Enquanto todas as minhas amigas já tinham maturidade suficiente para entender algumas evoluções humanas, eu ainda carregava a ingenuidade e o pudor. Em contrapartida, também fui precoce em muitas coisas. Sempre soube a hora certa de calar e me retirar. Foi no período da adolescência que descobri meu amor. Uhum, eu amava as manifestações dela, sem me importar com a forma que apareciam. Esse meu amor por ela cresceu tão forte, que escolhi ser professora e cultivar flores.
Nas flores, e até mesmo na sala de aula, ela está presente e me faz sorrir. Ultimamente, acho que ela está um pouco magoada comigo. Isso aconteceu desde que o segundo caso entrou na parada.
Eu tenho dedicado muito de mim ao trabalho e, além do muito que consome de mim, arrumei mais alguém. Esse alguém surgiu e trouxe um turbilhão de sentidos com ele, afirmando que nada precisa ser definido, basta que apenas consigamos sentir... e as sensações nos manterão no caminho certo. Embora eu não concordasse com ele, resolvi e arriscar. Pela quarta vez, falhei em minha escolha, tomei a aspirina e obtive a mesma resposta de sempre: Solidão não cura com aspirina.
Ela reclamou comigo esses dias. Disse que eu a deixei de lado por causa do trabalho e dele. Ela entende que o primeiro faz parte dela, mas acha que ele não deve fazer. Acha, também, que ele não merece nenhum pouco da atenção que eu dediquei a ele. Muita irritada, eu a chamei de egoísta, e ela, magoada, resolveu não mais se manifestar.
Por isso ando assim melancólica. Ele, depois que percebeu a briga causada, está sendo aquele que some sem dar sinal de vida. Enquanto isso, eu tento reconquistar meu antigo caso.
Assim que ela me perdoar, eu poderei gritar novamente que tenho um caso com ela.
Eu tive um caso com a vida.

13 comentários:

Thiago Augusto" disse...

Você é de Goiânia?

:\

Sei bem o que é sofrer com os casos da vida. Só não garanto que entendi da maneira correta a sua postagem!

Unknown disse...

Ah, realmente essa postagem tá bem confusa. Só pra esclarecer que ela é a vida. E somente a vida.
Beijos.

Naraeana Costa disse...

Tenha vários.

Anônimo disse...

Boa Noite! Estoui passando para dizer que adorei o blog e estar divulgando o meu que fiz a pouco tempo. Passa lá depois se quiseres, será um prazer! Obrigada, Beijão!

Anônimo disse...

Adorei esse sigilo todo com o texto. Pude imaginar um bucado de coisas que seriam "ela" e "ele". E, mais ainda, no final ;)


Adorei ;*

Alice disse...

Existem muitas escolhas e desejos dentro de uma só pessoa, né? Cada pedaço da gente diz uma coisa, cada momento e cada "caso" espera de nós algo diferente. Não dá pra escolher um só, acredito eu. Bkas!

Juliana disse...

ah mas esse é o tipo de caso q nunca termina
=)

Anne Graziele disse...

Realmente, nunca devemos abandonar nosso "caso". Este deve estar sempre em primeiro lugar, principalmente na busca da nossa felicidade!
bjo

Cansei de ser abduzida disse...

Lembrei do pequeno príncipe e a sua Rosa egoísta!
Adorei!
beijos.. te cuida bem!

Renata Silva disse...

E esse primeiro caso a gente não pode perder nunca!
Bjs

Anônimo disse...

Muito obrigada por ter passado lá! Volte mais vezes :)
Com certeza, na hora do voto é que temos que mostras que confiamos nesse país e que temos esperança de que melhore cada vez mais!
Beijão!

Anônimo disse...

Sinceramente,nunca encontrei histórias as quais me identificassem de tal forma,você expressa maravilhosamente bem,é tudo tão real e intenso,profundo e sofrido :/.Desejo sorte.
Parabéns prlo Blog.
beijos;*

Anônimo disse...

Puxa, adorei a frase: "escolhi ser professora e cultivar flores."

Nada melhor do que nós mesmos (pois "ela" faz parte de nós e não tem como fugir dela) para mostrar o que está sendo feito de certo ou errado. Acho que "ela" vai além de um caso. Gosto da subjetividade que escreve.
Abraços