Não tenho esses sintomas desde os... 18 anos, talvez. E não é complicado entender por quê.
Quando mais nova, queria encontrar alguém pra viver o resto dos dias ao meu lado e, com o tempo, percebi que não existiria essa pessoa. Não no momento em que eu estava procurando.
Os relacionamentos são coisas engraçadas. Particularmente, você bagunça toda sua casa, abre todas as portas e janelas. Planta novas flores no jardim, acrescenta retratos pelos cômodos. Muda de casa, passa a viver os sonhos de outra pessoa e compartilhar os seus projetos com ela também.
Depois de tudo isso, seu navio naufraga. Você se vê naquele marzão azul e sem nenhum porto ou suporte. Tá ali, molhada, sozinha, com frio e fome... de amor.
Em um momento, percebe que não pode se afogar e resolve nadar muito até chegar à praia e ser resgatada, sendo mandada de volta pra casa.
É a partir deste momento que surge a sua individualidade, suas vontades, suas manias.
Como li no blog da Jéssica, Sem Meias Palavras, falando das atividades pós-relacionamentos.
Na terça - feira você tem vontade de pegar o carro e ir a uma chopperia (se sua profissão for igual a minha, isso é perfeitamente possível e viável). Na sexta-feira, não tem vontade de sair. Quer ficar em casa, assistir o "Globo Repórter", a minissérie e depois de uma bela pizza com guaraná, ir pra cama com o pijama que colocou às 20 horas. (Eu ia dizer pizza com Coca-Cola, mas por que não citar o meu Guaraná de Soda Cáustica?)
Sábadão é dia de piscina, sol... e, quem sabe uma baladinha com as amigas tão solteiras quanto você? Ou, talvez, a cama de novo.
No domingo a tarde, você estende a rede, pega um livro e lê umas 100 páginas. Enfim, as paredes de casa estão pintadas de cores novas, os quadros e retratos foram mudados de posição e até aquela samambaia da varanda foi parar na garagem. Seus livros estão de volta na estante, seus sapatos saíram de baixo da cama e sua vida voltou a ser organizada, única. Você obteve sua individualidade de volta.
O que mais falta agora? É, falta alguém que bagunce as nuvens e brinque de caçar borboletas. Essa pessoa pode até aparecer, mas você não sabe se quer doar sua vida novamente, entregar seus sonhos e tentar 'relacionar'.
Uma hora, você vai ter de tentar. As mágoas podem virar cicatrizes e você pode querer arriscar sua pele novamente. É neste momento que você vai refletir e se perguntar: Estou pronta pra viver este ciclo?

"Um dia me disseram
Que as nuvens
Não eram de algodão
Um dia me disseram
Que os ventos
Às vezes erram a direção
E tudo ficou tão claro
Um intervalo na escuridão
Uma estrela de brilho raro
Um disparo para um coração..."
(Engenheiros do Hawaii)
(Engenheiros do Hawaii)