24 de jan. de 2008

Keep Running

Enquanto fazia seu exercício diário corporal, exercitava também a mente. Fez conjecturas à respeito do futuro, que chegaria após o carnaval e, depois disso, o inevitável aconteceu.

Qual é o pensamento inevitável para uma mulher independente? Ela trabalha, ganha sua grana, faz as coisas que deseja, tem inteligência suficiente para ultrapassar os obstáculos e concluir etapas preciosas de seu caminho. No meio de tanta coisa, resta-lhe tempo para se dedicar à relacionamentos?
Prestou atenção às pedrinhas na rodovia. Deixou que aquilo atrapalhasse sua corrida? Nunca.

Não deixava de lado sua família. Sempre cuidava para que seus pais pudessem ficar um pouco tranquilos e seus irmãos não precisassem abdicar de nada nesta vida. Seu amor a eles era colocado em prática todos os dias, fazendo por eles o que já haviam feito por ela.

Queria entender por que se fazia assim tão dura. Ainda sonhava com o mocinho de filme americano, que chega armado e acaba levando o coração da mocinha embora. Ou não. Talvez quisesse alguém para conversar, divergir, sumir. Alguém que sentisse falta e batesse à sua porta pedindo pra voltar, pra não deixá-lo mais. Ela já havia passado por isso também, mas essas atitudes foram tardias para ela, que não o amava mais.

Sabia da existência do carinha tranquilo, sossegado, que usava jeans, camiseta branca e camisa aberta, completando o look cult-relaxado da vez. Ele estava ali, pertinho dela e não podia se aproximar. E ela não sabia mais como fazer essas coisas de quando era meninota, na época da escola. Precisava reaprender a tática do olho - no - olho, cinema, pipoca e boca-na-boca. Mas não era mais simples desse jeito. Havia preço a pagar. O problema maior é que ela não tinha mais coragem de pagar o preço alto. Arriscar se tornou uma palavra riscada do seu vocabulário, para sua maior infelicidade.

"Frágil - você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar."

(Caio Fernando de Abreu)

2 comentários:

Dois cigarros e um café. disse...

=]

Sinceramente não encontrei um bom comentário ou algo engraçado para dizer, pois ainda estou refletindo o texto. quando terminar eu volto e escrevo algo hehehehe

Beijundas

Mafê Probst disse...

arriscar-se é abrir-se para o novo.