25 de dez. de 2008

Ser algo

Ser querido,
o que mais uma pessoa pode querer?
Dias solitários em lugares cheios de gente
Tempo para pensar. Necessidade de entender.

Ser amado,
isso tudo importa muito e nada.
É triste perceber que a fé vira esperança
Uma táboa e coragem para nadar não são suficientes
se a maré não ajudar.

É duro ser assim. Ser esquecido, quando só se faz lembrar.

23 de dez. de 2008

Valeu, ano velho!

Dizem alguns – mui provavelmente por falta de assunto - que aos vinte e sete anos é que as coisas se resolvem na vida. Sedimenta-se tudo: de amizades a relacionamentos, de ideais a modo de vida. Os que já cumpriram sua missão partem (Hendrix, Morrison, Cobain...) e os demais descobrem seus caminhos.

Verdadeiramente, é muito confortável pensar assim tendo como cenário o ano de 2008. Neste período aconteceram muitas coisas que eu gostaria que fossem para sempre ou, ao menos, o prenúncio do que estar por vir. Um ano marcante, sem dúvidas, sobretudo pelo fato de ter conseguido, enfim, compreender a idéia de que a vida imita a arte.

Como se fosse um exemplo tirado do livro Téte-a-téte, em que uma amizade se prova resistente ao tempo e intempéries, em 2008 aprendi que nesse peito sedentário sempre há mais espaço para boas pessoas. E não importa se estão longe ou perto, muitas vezes a simples lembrança deles já me faz sentir melhor.

Neste ano também levei minhas capacidades ao máximo só para descobrir que “o máximo” não significa “o limite”. E que, mesmo sendo capaz de muitas coisas, não consigo disfarçar sentimentos. Como Pi Patel, a conviver com seu tigre por mais de 100 dias a deriva em um bote como conta o “A vida de Pi”.

Fernando Pessoa me ajudou a me aceitar – com meus defeitos e “desfeitos”, simplesmente porque a “Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive”. E Saramago, com seu “Ensaio sobre a cegueira”, me fez (sem trocadilhos) ver não é preciso deixar de crer na gentileza, mesmo que para a maioria isso possa parecer bobo. E que eu daria a vida três vezes para viver em um mundo de bobos que não brigam por uma vaga no estacionamento e não se empurram para entrar em um ônibus.

E assim, uma lição atrás de outra: ser implacável não significa ser ruim e que, em alguns casos você precisa aceitar uma decisão em benefício da maioria; perder alguém para lhe dar valor é tolice; pessoas comuns podem ser o que quiserem...

Cada uma das coisas lidas ou assistidas dava sentido ao que eu via diante dos meus olhos na chamada vida real. Todos esses exemplos desenhavam com caneta a certeza de que a arte existe para nos ensinar a viver e que só este caminho seria possível. Até que alguns acontecimentos do final do ano me mostraram que a vida também pode ajudar a compreender a arte. E foi apenas um sorriso que me fez entender as 302 páginas do “Travessuras da menina má” de Mário Vargas Llosa, que antes soavam exageradas para mim.

Um feliz Natal e um 2009 sedimentado!

21 de dez. de 2008

[Pré] Balanço

Eu sei que os fatos não deixam de existir simplesmente por serem ignorados. Sabemos bem disso, mas às vezes nos esquecemos que não há como ignorar certas coisas.

Hoje eu só peço a Deus que a minha coragem para ser gentil prevaleça sempre, pois o mundo é hostil o suficiente com as pessoas. O meu coraçãozinho anda um pouco cansado de falsidades, de promessas feitas e de verdades inventadas. Eu quero a palavra dita, não a palavra enfeitada, brilhando como ouro falso. Chega de metáforas e eufemismos. Vamos ser diretos e justos.

Quero manter a minha fé, não importa em quê. O importante é não perdê-la, não deixá-la ser solúvel. Embora a gente tente ser sincero, algumas coisas não são faceis de se dizer. As dores, por exemplo. Quem é que admite estar machucado? Até os olhos mentem a nossa dor.

Andei me perdendo numas certezas que, na verdade, eram contradições. E então o amor se tornou uma coisa má e tranformou meu mundo em negro. As cores sumiram por que as palavras não podem voltar depois que são proferidas.

Mas não vou mais alimentar essa coisa que me faz mal, eu quero as cores de volta e espero que tudo isso exploda, queime contra o sol, de verdade. Não vou ficar aqui esperando. Às vezes eu sinto como se falassem uma lingua que eu não entendo. Nada faz sentido agora...

E aí eu percebo que o que é vivo, por ser vivo, se contrai. Mesmo que o jogo de dados do destino seja irracional e impiedoso. E eu pensei que bastava ter carinho para que amar fosse fácil...

E todo o fim chegou. Tudo bem que, dependendo da maneira como se olha para ele, o fim pode ser incerto e belo ao mesmo tempo.

Mas todo o resto foi mais forte que eu. Nem uma só vez olharam para trás. Ou ele olhou. Não, ele não olhou. Partiu direto e reto em direção ao futuro, e sequer pensou no que estava deixando no passado. Na verdade, não importa o quanto eu tenha me importado, algumas pessoas simplesmente não se importam.... E um ato destruiu todo o amor que pensei que existia. Talvez eu esqueça e cresça com tudo isso, mas esquecer não é perdoar.

Aí me lembro de criar asas novamente... e penso que, embora eu queira estar com ele, nada vai mudar no dia de Ano Novo... e resolvo continuar, começar novamente... E lembro que Deus, e somente Ele, me dará forças para continuar sem perder a fé que tive.







"Hoje acordei sem lembrar
Se vivi ou se sonhei.
Você aqui nesse lugar,
que eu ainda não deixei.
Vou ficar...
Quanto tempo vou esperar?
[...]
Esse tempo está lá atrás
Eu não tenho mais o que fazer.
[...]
Só com ela eu quis ficar,
E agora ela me deixou!
[...]
E eu ainda gosto dela,
mas ela já não gosta tanto assim.
A porta ainda está aberta,
mas da janela já não entra luz.
E eu ainda penso nela
Mas ela já não pensa mais em mim
Eu vou deixar a porta aberta
Pra que ela entre e traga a sua luz..."
(Skank - Ainda gosto dela)

15 de dez. de 2008

Fim

Eu sei que prometi não escrever, pensar ou falar sobre o assunto. Mas algumas coisas são impossíveis de calar. Calar e sentir. Por mais que eu me esforce, eu sinto.
Eu não queria o segredo daqueles olhos, não queria saber sobre o que se passava ali dentro. Só queria aquilo que eu tava vivendo no momento, dentro, fora, por todos os lados.
Não pedi nenhuma palavra animadora para continuar, não pedi mentiras que me fizessem querer estar ao lado, não pedi músicas, não pedi convites, enfim...
Eu estou magoada. E sabia que ia acabar assim. Mas acreditei até o último momento na sinceridade que estava sendo enfatizada.
Não o condeno. Não sabe o que guardo aqui dentro. E, se pensa que meus olhos falam por mim, eu espero, do fundo de minha alma, que eles estejam passando toda a mágoa que foi causada. Não por que acreditei no amor, mas por que prezei pela sinceridade.
Eu nunca fui ao encontro. Mas sempre se manteve à caminho de mim. Talvez eu não tenha feito tanta diferença assim, mas prefiro acreditar que a palavra 'compensar' foi usada de má forma. Sim, eu estou magoada. Magoada por ter acreditado que aquela música era diferente, que jamais havia feito para ninguém. Se fez, não posso me certificar. E, se não fez, dessa forma, me faz pensar que sim.
Não posso me manter ao lado de uma pessoa que só pensa em si. Embora diga que abriu mão de muitas coisas por alguém, eu não vejo altruísmo em suas ações. Vejo culpa, sacríficio e mágoa por se sentir obrigado a tomar tais decisões num momento em que sua vida queria outro rumo.
Eu choro, mas sei que isso vai passar.
Na verdade, eu choro mais por não ter forças para lutar contra tudo isso que está acontecendo. Eu já fui mais forte, já soube convencer melhor. Choro mais por me sentir tão solitária quanto uma pérola num anel caríssimo.
E agora prometo não falar mais sobre isso.

12 de dez. de 2008

E se todos os "defeitos" não forem suficientes?

Dia desses ouvi um discurso absurdamente mal situado, cheio de evocações de vaidade e de gosto mui duvidoso. Egotrip da pior estirpe!

Contudo, no meio de tantas palavras fora de contexto me peguei preso pela seguinte sentença proferida pelo descuidado palestrante:

"Amar é enxergar com os olhos de Deus"

Pensei a respeito naquele momento, nas horas seguintes... Dias se passaram!  E hoje a frase completa uma semana martelando em minha cabeça. E, provavelmente, porque não consigo encontrar um argumento contrário a ela.

Amores não combinam com a razão porque, justamente, prescindem desta. São como flores de asfalto que sobrevivem alheias a qualquer condição "essencial" à sua existência. Ninguém se atreveria a dizer a uma planta que brota no acostamento que o local não é propício para o seu florescimento. Seria tarde demais. Ela própria seria a prova de que é possível se você acreditar - ou mesmo não se preocupar se o fato soa..., sei lá... estranho.

O amor... Exatamente por ser a única coisa que consegue dar ao homem uma dimensão divina é que se torna tão difícil de ser explicado e impossível de ser entendido - e não há pedagogia que ajude! - Contudo, não há uma só pessoa que não saiba quando está sentindo - mesmo sem nunca ter consultado um registro arquivado para isso.

E são tantas as variáveis deste sentimento, que é até complicado enumerá-las. Tem aquela que começa com uma pequena admiração e, não mais do que de repente, lhe abocanha como uma jacaré faminto; Ou aquela que ressalta tantas características similares que se torna tão certo quanto a força da gravidade a agir sobre tudo; Tem também a que beira o óbvio, como o de uma mãe que espera por um filho...

E tudo isso só pode existir simplesmente porque, ao olhar para outro "com os olhos de Deus", você se torna capaz de aceitar os defeitos como parte integrante - e essencial - do ser humano. Ou até mesmo não enxergá-los, pois, se tais características tidas como defeitos compõe o ser amado, você passa a gostar delas também.

Então, tendo deixado toda vergonha de lado para escrever sobre este assunto é que aproveito para pedir ajuda aos amigos mais experimentados na arte (de escrever ou de amar) para uma última questão: como, afinal,  se termina um texto desses, onde o tema jamais remete a um fim?

7 de dez. de 2008

Um comunicado.

Buenas, leitores!

Venho aqui não pra dar uma satisfação pela ausência da Natália, mas sim para explicar o estado de coisas que a mantém distante de vossos olhos ávidos por seus posts profundos e lancinantes - o que, de certa forma, não deixa de ser uma satisfação.

A nossa heroína, como é de conhecimento geral, possui um estilo um tanto que estoicista. Suas desventuras, pelo caminho que todos traçamos nos dias de nossas vidas, sempre foram postos, expostos e dissecados neste púlpito virtual.

O amor se tornou o centro da odisséica vida de nossa heroína. Palavra de simples escrita, mas de repercussões dantescas na vida de nossa pequena e encantadora escriba, e fonte de todo o estoicismo dela.

Assim, a ausência se dá – antes que eu fuja da temática – por conta de um esvaziamento de pauta, isto é, toda essa melancolia, este estoicismo latente, essa reflexão acerca dos “pedregulhos de cada dia”, se dissiparam, exaurindo-se como um fósforo que perfaz a sua finalidade ao se queimar.

Digamos que, de um ponto de vista aristotélico, o meio termo foi encontrado, eis a virtude que surgiu. As necessidades do coração e da mente encontraram um ponto de equilíbrio, mas não que isso significa uma letargia da alma ou o fim das palavras da Natália. Não! Muito pelo contrário, é um recomeço.
Só é preciso que nossa heroína re-equacione o seu novo estado espírito com um novo estilo de escrita.

Finalizo desejando a todos o melhor que cada um deseja para si e para o mundo e que cada um entoe, como um mantra , uma oração que coloque a Natália em um caminho de muitos verbos e figuras de linguagem.

Att,

Fábio Coelho