25 de dez. de 2008

Ser algo

Ser querido,
o que mais uma pessoa pode querer?
Dias solitários em lugares cheios de gente
Tempo para pensar. Necessidade de entender.

Ser amado,
isso tudo importa muito e nada.
É triste perceber que a fé vira esperança
Uma táboa e coragem para nadar não são suficientes
se a maré não ajudar.

É duro ser assim. Ser esquecido, quando só se faz lembrar.

23 de dez. de 2008

Valeu, ano velho!

Dizem alguns – mui provavelmente por falta de assunto - que aos vinte e sete anos é que as coisas se resolvem na vida. Sedimenta-se tudo: de amizades a relacionamentos, de ideais a modo de vida. Os que já cumpriram sua missão partem (Hendrix, Morrison, Cobain...) e os demais descobrem seus caminhos.

Verdadeiramente, é muito confortável pensar assim tendo como cenário o ano de 2008. Neste período aconteceram muitas coisas que eu gostaria que fossem para sempre ou, ao menos, o prenúncio do que estar por vir. Um ano marcante, sem dúvidas, sobretudo pelo fato de ter conseguido, enfim, compreender a idéia de que a vida imita a arte.

Como se fosse um exemplo tirado do livro Téte-a-téte, em que uma amizade se prova resistente ao tempo e intempéries, em 2008 aprendi que nesse peito sedentário sempre há mais espaço para boas pessoas. E não importa se estão longe ou perto, muitas vezes a simples lembrança deles já me faz sentir melhor.

Neste ano também levei minhas capacidades ao máximo só para descobrir que “o máximo” não significa “o limite”. E que, mesmo sendo capaz de muitas coisas, não consigo disfarçar sentimentos. Como Pi Patel, a conviver com seu tigre por mais de 100 dias a deriva em um bote como conta o “A vida de Pi”.

Fernando Pessoa me ajudou a me aceitar – com meus defeitos e “desfeitos”, simplesmente porque a “Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive”. E Saramago, com seu “Ensaio sobre a cegueira”, me fez (sem trocadilhos) ver não é preciso deixar de crer na gentileza, mesmo que para a maioria isso possa parecer bobo. E que eu daria a vida três vezes para viver em um mundo de bobos que não brigam por uma vaga no estacionamento e não se empurram para entrar em um ônibus.

E assim, uma lição atrás de outra: ser implacável não significa ser ruim e que, em alguns casos você precisa aceitar uma decisão em benefício da maioria; perder alguém para lhe dar valor é tolice; pessoas comuns podem ser o que quiserem...

Cada uma das coisas lidas ou assistidas dava sentido ao que eu via diante dos meus olhos na chamada vida real. Todos esses exemplos desenhavam com caneta a certeza de que a arte existe para nos ensinar a viver e que só este caminho seria possível. Até que alguns acontecimentos do final do ano me mostraram que a vida também pode ajudar a compreender a arte. E foi apenas um sorriso que me fez entender as 302 páginas do “Travessuras da menina má” de Mário Vargas Llosa, que antes soavam exageradas para mim.

Um feliz Natal e um 2009 sedimentado!

21 de dez. de 2008

[Pré] Balanço

Eu sei que os fatos não deixam de existir simplesmente por serem ignorados. Sabemos bem disso, mas às vezes nos esquecemos que não há como ignorar certas coisas.

Hoje eu só peço a Deus que a minha coragem para ser gentil prevaleça sempre, pois o mundo é hostil o suficiente com as pessoas. O meu coraçãozinho anda um pouco cansado de falsidades, de promessas feitas e de verdades inventadas. Eu quero a palavra dita, não a palavra enfeitada, brilhando como ouro falso. Chega de metáforas e eufemismos. Vamos ser diretos e justos.

Quero manter a minha fé, não importa em quê. O importante é não perdê-la, não deixá-la ser solúvel. Embora a gente tente ser sincero, algumas coisas não são faceis de se dizer. As dores, por exemplo. Quem é que admite estar machucado? Até os olhos mentem a nossa dor.

Andei me perdendo numas certezas que, na verdade, eram contradições. E então o amor se tornou uma coisa má e tranformou meu mundo em negro. As cores sumiram por que as palavras não podem voltar depois que são proferidas.

Mas não vou mais alimentar essa coisa que me faz mal, eu quero as cores de volta e espero que tudo isso exploda, queime contra o sol, de verdade. Não vou ficar aqui esperando. Às vezes eu sinto como se falassem uma lingua que eu não entendo. Nada faz sentido agora...

E aí eu percebo que o que é vivo, por ser vivo, se contrai. Mesmo que o jogo de dados do destino seja irracional e impiedoso. E eu pensei que bastava ter carinho para que amar fosse fácil...

E todo o fim chegou. Tudo bem que, dependendo da maneira como se olha para ele, o fim pode ser incerto e belo ao mesmo tempo.

Mas todo o resto foi mais forte que eu. Nem uma só vez olharam para trás. Ou ele olhou. Não, ele não olhou. Partiu direto e reto em direção ao futuro, e sequer pensou no que estava deixando no passado. Na verdade, não importa o quanto eu tenha me importado, algumas pessoas simplesmente não se importam.... E um ato destruiu todo o amor que pensei que existia. Talvez eu esqueça e cresça com tudo isso, mas esquecer não é perdoar.

Aí me lembro de criar asas novamente... e penso que, embora eu queira estar com ele, nada vai mudar no dia de Ano Novo... e resolvo continuar, começar novamente... E lembro que Deus, e somente Ele, me dará forças para continuar sem perder a fé que tive.







"Hoje acordei sem lembrar
Se vivi ou se sonhei.
Você aqui nesse lugar,
que eu ainda não deixei.
Vou ficar...
Quanto tempo vou esperar?
[...]
Esse tempo está lá atrás
Eu não tenho mais o que fazer.
[...]
Só com ela eu quis ficar,
E agora ela me deixou!
[...]
E eu ainda gosto dela,
mas ela já não gosta tanto assim.
A porta ainda está aberta,
mas da janela já não entra luz.
E eu ainda penso nela
Mas ela já não pensa mais em mim
Eu vou deixar a porta aberta
Pra que ela entre e traga a sua luz..."
(Skank - Ainda gosto dela)

15 de dez. de 2008

Fim

Eu sei que prometi não escrever, pensar ou falar sobre o assunto. Mas algumas coisas são impossíveis de calar. Calar e sentir. Por mais que eu me esforce, eu sinto.
Eu não queria o segredo daqueles olhos, não queria saber sobre o que se passava ali dentro. Só queria aquilo que eu tava vivendo no momento, dentro, fora, por todos os lados.
Não pedi nenhuma palavra animadora para continuar, não pedi mentiras que me fizessem querer estar ao lado, não pedi músicas, não pedi convites, enfim...
Eu estou magoada. E sabia que ia acabar assim. Mas acreditei até o último momento na sinceridade que estava sendo enfatizada.
Não o condeno. Não sabe o que guardo aqui dentro. E, se pensa que meus olhos falam por mim, eu espero, do fundo de minha alma, que eles estejam passando toda a mágoa que foi causada. Não por que acreditei no amor, mas por que prezei pela sinceridade.
Eu nunca fui ao encontro. Mas sempre se manteve à caminho de mim. Talvez eu não tenha feito tanta diferença assim, mas prefiro acreditar que a palavra 'compensar' foi usada de má forma. Sim, eu estou magoada. Magoada por ter acreditado que aquela música era diferente, que jamais havia feito para ninguém. Se fez, não posso me certificar. E, se não fez, dessa forma, me faz pensar que sim.
Não posso me manter ao lado de uma pessoa que só pensa em si. Embora diga que abriu mão de muitas coisas por alguém, eu não vejo altruísmo em suas ações. Vejo culpa, sacríficio e mágoa por se sentir obrigado a tomar tais decisões num momento em que sua vida queria outro rumo.
Eu choro, mas sei que isso vai passar.
Na verdade, eu choro mais por não ter forças para lutar contra tudo isso que está acontecendo. Eu já fui mais forte, já soube convencer melhor. Choro mais por me sentir tão solitária quanto uma pérola num anel caríssimo.
E agora prometo não falar mais sobre isso.

12 de dez. de 2008

E se todos os "defeitos" não forem suficientes?

Dia desses ouvi um discurso absurdamente mal situado, cheio de evocações de vaidade e de gosto mui duvidoso. Egotrip da pior estirpe!

Contudo, no meio de tantas palavras fora de contexto me peguei preso pela seguinte sentença proferida pelo descuidado palestrante:

"Amar é enxergar com os olhos de Deus"

Pensei a respeito naquele momento, nas horas seguintes... Dias se passaram!  E hoje a frase completa uma semana martelando em minha cabeça. E, provavelmente, porque não consigo encontrar um argumento contrário a ela.

Amores não combinam com a razão porque, justamente, prescindem desta. São como flores de asfalto que sobrevivem alheias a qualquer condição "essencial" à sua existência. Ninguém se atreveria a dizer a uma planta que brota no acostamento que o local não é propício para o seu florescimento. Seria tarde demais. Ela própria seria a prova de que é possível se você acreditar - ou mesmo não se preocupar se o fato soa..., sei lá... estranho.

O amor... Exatamente por ser a única coisa que consegue dar ao homem uma dimensão divina é que se torna tão difícil de ser explicado e impossível de ser entendido - e não há pedagogia que ajude! - Contudo, não há uma só pessoa que não saiba quando está sentindo - mesmo sem nunca ter consultado um registro arquivado para isso.

E são tantas as variáveis deste sentimento, que é até complicado enumerá-las. Tem aquela que começa com uma pequena admiração e, não mais do que de repente, lhe abocanha como uma jacaré faminto; Ou aquela que ressalta tantas características similares que se torna tão certo quanto a força da gravidade a agir sobre tudo; Tem também a que beira o óbvio, como o de uma mãe que espera por um filho...

E tudo isso só pode existir simplesmente porque, ao olhar para outro "com os olhos de Deus", você se torna capaz de aceitar os defeitos como parte integrante - e essencial - do ser humano. Ou até mesmo não enxergá-los, pois, se tais características tidas como defeitos compõe o ser amado, você passa a gostar delas também.

Então, tendo deixado toda vergonha de lado para escrever sobre este assunto é que aproveito para pedir ajuda aos amigos mais experimentados na arte (de escrever ou de amar) para uma última questão: como, afinal,  se termina um texto desses, onde o tema jamais remete a um fim?

7 de dez. de 2008

Um comunicado.

Buenas, leitores!

Venho aqui não pra dar uma satisfação pela ausência da Natália, mas sim para explicar o estado de coisas que a mantém distante de vossos olhos ávidos por seus posts profundos e lancinantes - o que, de certa forma, não deixa de ser uma satisfação.

A nossa heroína, como é de conhecimento geral, possui um estilo um tanto que estoicista. Suas desventuras, pelo caminho que todos traçamos nos dias de nossas vidas, sempre foram postos, expostos e dissecados neste púlpito virtual.

O amor se tornou o centro da odisséica vida de nossa heroína. Palavra de simples escrita, mas de repercussões dantescas na vida de nossa pequena e encantadora escriba, e fonte de todo o estoicismo dela.

Assim, a ausência se dá – antes que eu fuja da temática – por conta de um esvaziamento de pauta, isto é, toda essa melancolia, este estoicismo latente, essa reflexão acerca dos “pedregulhos de cada dia”, se dissiparam, exaurindo-se como um fósforo que perfaz a sua finalidade ao se queimar.

Digamos que, de um ponto de vista aristotélico, o meio termo foi encontrado, eis a virtude que surgiu. As necessidades do coração e da mente encontraram um ponto de equilíbrio, mas não que isso significa uma letargia da alma ou o fim das palavras da Natália. Não! Muito pelo contrário, é um recomeço.
Só é preciso que nossa heroína re-equacione o seu novo estado espírito com um novo estilo de escrita.

Finalizo desejando a todos o melhor que cada um deseja para si e para o mundo e que cada um entoe, como um mantra , uma oração que coloque a Natália em um caminho de muitos verbos e figuras de linguagem.

Att,

Fábio Coelho

14 de nov. de 2008

[Im]Perecível

Você desejou muita coisa na sua vida, não é mesmo? Sempre correndo, com pressa, querendo abraçar o mundo... E então a vida te colocou de castigo e você precisou desacelerar seu passo, andar mesmo devagar nesse caminho que foi trilhado PARA você, mas que não seria POR você se pudesse escolher.
E é isso que faz com que se identifique com aquela música que a gente cantava tentando chegar a um acordo sobre a felicidade.
Foi essa armadilha da vida que tornou os olhos verdes vívidos em olhos de ressaca, daquelas ressacas em que o mar invade a cidade litorânea e leva todos os brinquedos esquecidos na areia.
Eu sei que você não queria essa transformação. Sei também que anseia por um momento de paz. E eu acredito que vá chegar a sua vez, mesmo tarde, vai encontrar o caminho; vai sentir a liberdade dentro, fora, de todos os lados...
E então vai se perder; vai escolher o caminho errado, tentando acertar; vai embora de mim, de você, de nós; buscar outra cidade, quem sabe outro país... e depois vai descobrir que errou, que, tentando recuperar o tempo perdido, tomou o atalho do equívoco... e vai querer voltar, mesmo com medo, para perto de mim. Mas eu não estarei mais no mesmo lugar; eu terei tomado meu rumo, chegando em algum ponto do futuro que você não poderá alcançar.
E seguiremos os dois, por caminhos distintos, tentando consertar os mesmos corações partidos diversas vezes pelo mesmo amor irremediável.

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Sei que sumi, que estou em falta com vocês. Tive um problema com o 'raio' do 'speedy', mas tudo se resolveu já. Este fds eu prometo colocar minhas coisas em dia, principalmente as visitas que ando devendo.
Um grande beijo.

2 de nov. de 2008

[In]visível

Olhou no fundo daqueles olhos verdes. Viu tanta coisa, como se fossem janelas para o passado.
Estremeceu. Ele não conseguia manter os olhos fixos nos dela, disse que causava aflição, mas não imaginava que a aflição maior não era a dele.
Ela sabia que não devia ter olhado no fundo daqueles olhos. Quando consegue ler o que passa ali dentro, se apaixona ainda mais.
Surpreendeu-se. Ele disse que as pupilas dela resplandeciam; conseguia ver tudo sobre ela, sentir o que estava guardado.
E o feitiço virou-se contra a feiticeira de olhos vívidos e expressivos.
Certas vezes, orgulhara-se por isso mas, naquele momento, se sentira nua, como se ele tivesse descoberto todo o amor que ela tinha a oferecer.
Se descobriu, não quis aceitá-lo. E partiram-se os dois: ele, para casa; ela, o coração.

31 de out. de 2008

Ilha Emocional

Já nem sei quais são os motivos que me fazem perder o sono. Meus livros continuam no mesmo lugar em que os deixei há uma semana. Ao menos uma página foi mexida, uma linha sequer. Estamos ali, inertes, indiferentes um ao outro. Eu não quero ler; eles não fazem questão de serem lidos. Há livros fechados, lacrados como chegaram da livraria. Talvez já tenham morrido sufocados pela falta de cuidado que os assola. Mas eles sabem pelo que estou passando, sabem que a minha história ainda é mais importante para o curso de minha vida.

E eles sabem dos amores que desfiz, das paixões perdidas ao longo do caminho. Eles, mais do que ninguém, sabem dos olhos verdes que estão roubando meu sono, meus sonhos, meu equilibrio e meu pensamento.
Aqueles mesmos olhos verdes que levaram minha paz há alguns meses.

Os olhos verdes que foram capazes de segurar meu coração nas mãos e depois jogá-lo para o alto como confetes de carnaval.

"Os livros na estante já não tem mais tanta importância
Do muito que li, do pouco que sei, nada me resta
A não ser a vontade de te encontrar
O motivo eu já nem sei...
Nem que sjea só para estar ao seu lado
Só pra ler no seu rosto
Uma mensagem de amor..."

28 de out. de 2008

Nenhum homem é uma ilha. O costume de conviver com a solidão pode fazer com que se sinta realmente sozinho e perdido. Ninguém é sozinho, apenas fica. Assim como ninguém vai ser triste o tempo inteiro.
Algumas pessoas dizem muito sem abrir a boca. Estes seus olhos de ressaca me levam para dentro de sua alma sem que você queira. Eu posso ver além da tristeza que você carrega ai dentro. Posso sentir que há muita coisa boa prestes a explodir. Não precisa me decifrar. Não tenho mensagens escondidas através do que eu digo...
Você é invencível. Invencível, impermeável e irremediávelmente triste. Diz que não tem um coração. Perdeu todos os oito no caminho. Mas tem, tem sim. Talvez ele esteja fora do lugar, como o meu esteve por um tempo, mas sei que você vai encontrá-lo e vai ser feliz com ele. É só não desacreditar: a felicidade chega para todo mundo; apenas os caminhos são diferentes.
Confie em mim. Você não precisa ser sozinho o tempo inteiro.

21 de out. de 2008

Sentimental...

Eu realmente ando muito sentimental. Não quero discorrer aqui os motivos dessa sensibilidade, até porque são inúmeros e pode até ser que sejam sem fundamento.
Eu só queria contar um fato interessante. Interessante para mim, que ando assim muito sentimental...
Estava eu em minha sala, concentrada na leitura de Mounin. Não era nada interessante aquela leitura, mas era de extrema importância para o desenvolvimento de meu projeto. Eis que, de repente, surge um “pequerruxo” à porta da sala, com a carinha mais meiga da face da terra. Ele vinha com um copo d´água na mão.
Tudo bem, eu sei que vocês devem estar perguntando o que tem a ver o pequeno da água com meu sentimentalismo barato. Não tem nada.
O super fofo parou à porta e soltou tão timidamente a palavra “professora”, que eu fiquei ternamente intrigada. Atentemos para o fato de que ele não é meu aluno e, temporariamente falando, uns bons 4 anos irão passar para correr o risco dele se tornar um de meus pestinhas.
Quando me chamou, olhei em direção à porta, e ele deu alguns passinhos para dentro. Entregou o copo de água na minha mão, sorriu e foi embora.
Eu não estava com sede mas, naquele momento, minha boca secou. Os meus olhos estavam marejados, mas o meu lábio soltava um imenso sorriso.
Talvez meu copo d´água tenha se transformado numa linda flor, mas o que verdadeiramente fez meu jardim florescer foi o carinho colocado dentro do copo, e não a água.
Eu estou realmente muito sentimental...


*Ganhei um selinho da Jéssica. Steps: 1º Expor o selo no blog; 2º Colocar o link dos indicados. 3º Presentear 10 blogs.
1-
P.S - Palavras e Silêncio
2- Que momento!
3- Rascunhos, retratos e contemplações
4- Adriano Di Carvalho
5- A Vida Não Presta Mesmo
6 - Perdido Na Tradução
7 - República de Apina (Não poderia faltar você, meu colaborador!)
8 - Salada à Brasileira
9 - Tenho Certeza que Sim!
10 - Vermelho Pitanga

** Como ainda não deu tempo de apresentar e não sei se vocês perceberam, agora o Soda Cáustica & Guaraná também é assinado por ele, meu amigo querido, lindo, maravilhoso, homem dos sonhos de toda mulher. Ele lavaria a louça pra esposa dele nos dias de tpm, gente! Qué coisa mais 'cute'?
Eu apresento: André Medella, o homem que poderia ser da minha vida! :)

Beijos.

16 de out. de 2008

Carta a Meu Bem

Eu quero te contar o que sinto e como foi que deixei isso acontecer. Mas antes disso, meu bem, eu queria te falar dos livros que li, dos milagres que presenciei, dos corações que curei...
Quero te falar da vida bonita que vi a cada amanhecer e do quanto questionei Deus pelas injustiçãs cometidas pelos homens.
Sei que sonhar é bom. Até gosto das noites em que você me visita pelos sonhos, mas viver é tão melhor, querido. Eu gosto da vida, desses constantes acontecimentos.
Sei, também, que você deve estar assustado e até machucado. Ou então está desesperançoso. Mas é melhor assim, meu bem. Acredite. A gente não deve construir ilusões ou esperanças em cima de outra pessoa. Elas nunca aguentam carregar os nossos planos.
Você sabe o que sinto, tenho quase certeza. Ontem, quando você estava sentado no sofá, me sentei na cadeira em frente só pra te olhar de perto. Você deve ter percebido, afinal nossos olhos se encontravam por alguns segundos, até que a vergonha não os fizesse desviar.
A verdade é que, embora eu tenha visto muitas coisas, não aprendi a lidar com essa situação.
Eu sei, você vai embora esta semana. Vá sim, querido. Mas sinta minha falta, queira me ver nos seus dias sombrios e alegres também.
Pense em mim o tempo todo, enquanto estiver longe. Perceba que seu coração enfraquece ao pensar em me perder.
Faça de mim o motivo de suas visitas à minha casa.

13 de out. de 2008

[Des] Caso

Éramos dois, sentados ao sofá, lado a lado. Os corações pulsavam alto. Havia um filme, mas não pergunte qual, não consegui prestar atenção em mais nada que não fosse parte de você.

Você tinha medo de olhar ao lado e me encarar, mas sua mão alcançou a minha, e meu pescoço pendeu, encostando a minha face em teus ombros magrelos. Ficamos assim por alguns momentos, sentindo o calor das mãos que se encontravam.

Eu tremia por dentro. Sabia que a minha boca estava pedindo a sua e não conseguia disfarçar. Você sentiu meu corpo tremer e enlaçou o seu braço aos meus ombros, fazendo com que eu me sentisse protegida.

Enfim, como uma rotina, sua boca seguiu a minha e o beijo foi selado. Nossas mãos não se soltaram por nem um segundo, até que... eu acordei e percebi que já estava sonhando com você.

E hoje é mais um dia daqueles em que eu, sequer, poderei te ver. Preciso me conformar com isso, com essa situação de semi-crise em que me encontro, com a falta de interesse que você tem por mim, com o excesso de ciumes do irmão que te trouxe pra minha vida.

Eu sei que nunca vou poder contar que ando sonhando com você...

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"Como pode ser gostar de alguém
E esse tal alguém não ser seu.
Fico desejando nós gastando o mar
Pôr-do-sol, postal, mais ninguém."
[Vanessa da Mata - Amado]

9 de out. de 2008

Redundância n#1

Não quero mais sofrer. O senhor bem sabe que esse é o maior motivo de não me entregar. Eu sempre escolho as pessoas erradas e estou muito cansada de colocar toda dose de amor diário que possuo nas mãos de quem destrói essa coisa bonita minha. Porque, embora todos façam a mesma idéia sobre o amor, o meu pode ser conceituado de diferentes maneiras. Eu sou o amor, mas não aguento mais ver a minha capacidade de amar ser inibida e esmiuçada. Eu quero viver esse lugar comum chamado amor um dia, embora eu saiba que, mais cedo ou mais tarde, alguém vai me magoar, e eu vou achar que nunca mais o amor vá se manifestar em mim.

E aí eu vou até o meu jardim, e uma flor vai me sorrir; então o amor reaparecerá, e eu ficarei satisfeita com essas doses de amor que terei incondicionalmente todos os dias ao olhar meu jardim florido, beijar minha cachorra, colher uma pitanga vermelha e adocicada. E vou passar muitos dias bem servida desse amor divino, desse lugar não tão comum, que encontro dentro de mim e na natureza das coisas alegres. Pensarei que não mais precisarei entregar meus sonhos ao destruidor de Morfeu. Dias e dias irão se passar, enquanto vou saboreando o amor que carrego cá dentro, até que surja, mais uma vez, alguém que não possua amor algum, que viva como um vampiro, sugando todo o amor das pessoas e depois parta, deixando mais um coração ensaguentado e partido.
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"Minha vida
Que fazer com minha alma perdida
Foi um raio de ilusão
Bem no meu coração
E veio com tudo
Dissabor e tudo..."
[Djavan]

7 de out. de 2008

Tudo que eu não deveria sentir

Quando o vi a primeira vez, pensei num chato de galochas. Não sei se foi pelo fato da namorada estar ao lado, esperando dentro do carro. Pode ser. Mas não sei.
Depois do primeiro contato visual, surgiu uma colaboração: corrigir uma resenha feita em dupla. E como me foi pavoroso ver os erros de ortografia, concordância, regência! Falei que era muito estranho ver um cara que escrevia tão mal cursando direito.
Ainda, com o tempo, a afinidade foi chegando, não muito, mas a impressão de chato já havia passado. E ai deu para perceber o quão bonzinho era. Menino de tudo, ponderado o bastante pra me fazer tremer, afinal o caos estava personalizado em mim.
Agora já não sei... passou uma temporada por perto e meu universo caótico se transformou. Ele me faz querer ser mais correta, mais ponderada, mais justa. Ele me faz enxergar as coisas com um senso que eu sabia ter dentro de mim, mas não estava à tona.
Ele me faz querer ser uma pessoa melhor, mesmo sabendo que, ao lado dele, eu sou só uma amiga, a irmã do melhor amigo e nada poderá mudar essa situação.

6 de out. de 2008

5 de out. de 2008

E agora vem você dizer...

Você merece alguém melhor do que eu. Sou cheio de defeitos.

Como um romance que começou cheio de poeminhas bem intencionados e promessas de eternidade termina com um clichê desses?

Já postulo aqui que esta sentença é falsa. Ninguém é tão altruísta a ponto de abrir mão de uma pessoa que deu um trabalho danado para conquistar só porque ela é melhor.

É esse tipo de clichê que enche os amigos do ex-amor de argumentos para arrastá-los para eventos de gosto mui mui mui duvidoso como micaretas, puteiros e clubes das mulheres.

- Aquele filho da p*** te falou isso? Ridículo! Vamos no Asa sábado que você esquece esse cara.

- Tá... e você acreditou? Da próxima vez que estiver com ela, manda tomar no c*! Vai sexta na minha casa que vou te apresentar a Candy, ela faz o melhor strip da cidade!

Soluções inócuas. Os relegados dos exemplos até irão às festas para as quais foram convidados, mas dificilmente se vingarão dos seus algozes beijando 49 ou deixando a Candy assada. Estes irão, no máximo, deixar seus fígados tão destruídos quanto seus corações. E substituirão a dor de corno só será substituída pela de cabeça.

Todo este trauma seria evitado com um pouco de assertividade. Bastaria evitar o maniqueísmo sentimental que prega que um é frio e a outra é sensível, que ela é safada e ele pudico... Seguindo este raciocínio, não há espaço para o "você é melhor do que eu" mesmo porque, de fato, ninguém o é.

E com o conforto de que existe uma pessoa legal ao seu modo para cada um, e que esta pessoa que terminou não combinava mesmo tanto com você, fica bem mais fácil suportar a melancolia inicial da perda. E, se for para destruir, que sejam coisas que não trarão mais dor: algumas fotos do nunca mais.

29 de set. de 2008

A decisão.

Ele correu em busca de tudo que pudesse salvar aquilo que, antes, ela sentia por ele. Mas era tarde demais. Ela não queria mais arriscar. Tinha muito a perder por pouco. Ainda se fosse valer a pena, arriscaria. Tenho certeza que ela jogaria tudo pro alto só para tentar ser feliz.
Havia cogitado dar uma chance, não para ele, mas para si própria. A felicidade parecia tão simples ao lado dele. Porém, ele conseguiu fazê-la mudar de idéia.
Não podia se sentir comparável à outra. Se ele a amasse, assumiria todos os riscos.
O seu repúdio pela covardia começou a eclodir. Ela não ia lutar sozinha. Não ia perder sozinha. Amar sozinha não tem graça. Era essa a única certeza que ela carregava consigo.
Ele continuou insistindo, mas a situação já estava decidida e, até agora, não se sabe o rumo que tudo levou.
Ela só quer ser feliz de novo.

27 de set. de 2008

O início do fim

A semana passou num piscar de olhos. Já não era livre. Queria vê-lo, queria senti-lo. Ela estava dominada pela emoção. Era uma prisioneira. Disse a ele que estava com saudade. Que equívoco! Deveria ter ficado quieta.
Ele passou os dias como um ser esnobe. Ela estava inconformada. Não aceitaria que ele a fizesse sofrer. Não havia sofrido assim pelos homens mais preciosos que teve na vida, não ia ser aquele nerd que iria pisoteá-la.
Resolveu avisá-lo.
“Querido, sinto que algo esteja acontecendo e, infelizmente, não preciso fazer de conta que tais fatos são inexistentes. Não insisto mais em nós.”
Mas ele não aceitou a decisão dela e foi correndo buscar o remédio.

22 de set. de 2008

O tudo, parte II

- Estou com saudade.
- Ah, não minta. Já disse que não adianta, eu não vou me apaixonar...
- Tudo bem, mas quero te ver.
- Não dá.
- Dá sim. To indo praí te ver. Desliga a Tv.
- Mas... não, eu não sei.
- Já pesquisei um lugar discreto, poderemos conversar tranquilamente.
- Não vou. Isso vai fazer com que eu me sinta mal.
- Ah, querida! O lugar não vai definir o que devemos fazer. Eu te respeito, confie em mim.
- Estou com medo.
- Não precisa tê-lo. Gosto de você.

E, pela primeira vez em sua vida, ela permitiu que a colocassem numa situação como esta. Já não sabia o que era ou o que significava tudo aquilo. Só sabia que ia perder muita coisa, principalmente um pedaço do coração.

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E é chegada a Primavera, meu período mais florido do ano. Sejam bem - vindas as flores, a brisa suave e o calorzinho do sol!

"Bom dia. Olha as flores que eu trouxe pra você, amor..."

(Marcelo Camelo, Bom dia)

19 de set. de 2008

Cecília e o espelho

Cecília se olhou no espelho esta manhã. Reparou bem na figura que a encarava. Delineador sobre as pálpebras superiores, risco preto abaixo, algumas marcas de expressão nos cantinhos dos olhos, que já tiveram brilho um dia...

Foi o que ela precisava para perceber a passagem do tempo. Naquele momento, um flash veio em sua mente. Como era aos 15 anos? Bem pouco se lembrava... mas conseguiu enxergar a luz que carregava no olhar e no sorriso. É, Cecília foi a menina de sorriso fácil e olhos sinceros. Ela chorava na frente do espelho só pra ver se ficava bonita e se poderia ser atriz. E como queria ser atriz! Não porque gostasse de sucesso, não... mas porque queria sentir a sensação de viver um romance igual aos que ela via na TV.

Hoje, ao se enxergar no espelho, alguns anos mais velha, lembrou de tudo que quis ser e relacionou ao que se tornou...Ela já não sente falta do brilho, mas das paixões que iluminavam o olhar...

15 de set. de 2008

Em guerra

“Duas luas sobre a Terra
Apoiadas nos meus ombros
Iluminam os escombros
Da nossa última guerra...”


Guerra: sf. 1. luta armada entre nações ou partidos; conflito. 2. Expedição militar; campanha. 3. A arte militar. 4. Oposição.
(Mini Aurélio, 6ª Edição Revista e Atualizada)

Guerra deveria ser o nome disso que nós vivemos e deveria ter como sinônimo os nossos nomes, afinal vivemos em conflito necessariamente.
Necessidade é o que sentimos um do outro, tanto para o AMOR, quanto para o ÓDIO.
É nesta guerra incessante que criamos cicatrizes na ALMA.
Nossas ARMAS são artefatos poderosos, que podem levar à morte se o projétil atingir nosso mais frágil elemento: o ORGULHO.
Seus guerreiros não me conhecem. Eu LUTO sozinha contra o seu exército.
E, com todas essas certezas, seguimos fazendo escombros, matando, a cada dia, o mesmo soldado cansado de tentar apaziguar a situação: o AMOR.

MATAMOS O AMOR ONTEM.
MATAMOS O AMOR HOJE.
MATAREMOS O AMOR AMANHÃ...

... até que só nos restem as feridas abertas, porque sinto que nem as palavras, armas enferrujadas, restarão em nosso arsenal.


“...Seu amor seca hidroelétricas
Corrompe os melhores diáconos
Seu amor esquenta os átomos
E rompe com a minha métrica...”

12 de set. de 2008

Parti[n]do

Há alguns dias ela me avisou que precisava partir. Estava vestida de verde, com um meio sorriso no rosto. Não era o seu tom habitual, era menos luminoso, mais apagado. Tentei prende-la no quarto, fiz mil promessas para que não partisse, mas de nada adiantou, ela estava mesmo decidida.
Subitamente, comecei a chorar. Talvez as lágrimas a comovessem; talvez assim ela ficasse comigo...
Esforço vão. Ela não queria se manter ao meu lado, disse que não sobreviveria desta vez. Explicou-me, então, que precisava tirar férias.
- Ora, férias justo num momento como este? – perguntei indignada.
Ela sorriu. Com um abraço de mãe, disse que não podia continuar me apoiando neste momento; todo o azul dos olhos dele não seria suficiente para mantê-la radiante.
Hoje, Esperança se despediu de mim. Prometeu voltar assim que o moço dos olhos azuis e barba vermelha sair do meu coração.
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"He broken your heart
He took you soul
You´re hurt inside
Because there´s a hole
You need sometime
To be alone
Then you will find
what you always know..."
(Lenny Kravitz, I´ll be waiting)

8 de set. de 2008

O começo de tudo

- Não, eu não posso fazer isso. Não é certo!
- Por que não? Você não consegue apenas sentir? Nós não precisamos do que é certo ou errado, precisamos, apenas, sentir.
- Eu sinto, mas não posso. As sensações vão contra tudo o que eu acredito. Não posso contrariar minha moral.
- Ora, não precisa se culpar. Nós não estamos fazendo nada de mais. Por favor, entenda, eu gosto de você...
- Mas... mas...

E, naquele momento, o beijo selou a infidelidade dela. É o que ela vai carregar pro resto da vida, a única recordação daquele momento.
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"She holds a smile
Someone will hold the crying child
And everybody asks what became of you
You heart was dying fast
And you didn´t know what to do..."
(Death Cab for Cutie - Cath)

7 de set. de 2008

Caso

Eu tenho um caso.
Essa foi a melhor maneira que encontrei para começar a explicar os meus dias nebulosos. Não que eu precise explicá-los a alguém, mas é como se eu fosse parte de duas vidas que coexistem.
Eu tenho poucos problemas; carrego os triviais, aqueles que todos batalham para vencer. Tenho problemas pequenos, não gigantes. O maior deles é ter um caso. Um não, dois.
Eu quero ser livre. Sempre quis. Por isso, às vezes, escolho a solidão, para sentir que eu ainda tenho o direito de escolher. Me demoro um pouco dentro dela e começo a sentir falta do que, antes, eu tinha. Tomo uma aspirina para ver se passa, mas sempre me lembro que solidão não se cura com aspirina.
O segundo caso que arrumei tem cortado as minhas asas, não porque ele queira assim, mas estou presa a alguma coisa que não me deixa ir pra frente. Na verdade, eu perdi minhas asinhas e to esperando que elas voltem a crescer.
Antes de ter esse segundo caso, eu tinha um outro bem mais saboroso.
Eu tive um caso com ela mas, não sei como, ele acabou pela segunda vez. Ela continua, foi só o caso que acabou mesmo. E agora eu vou contar essa história de amor:
Meu caso com ela começou há muito tempo atrás, quando eu ainda era uma criança bobalhona. É, bobalhona mesmo. Enquanto todas as minhas amigas já tinham maturidade suficiente para entender algumas evoluções humanas, eu ainda carregava a ingenuidade e o pudor. Em contrapartida, também fui precoce em muitas coisas. Sempre soube a hora certa de calar e me retirar. Foi no período da adolescência que descobri meu amor. Uhum, eu amava as manifestações dela, sem me importar com a forma que apareciam. Esse meu amor por ela cresceu tão forte, que escolhi ser professora e cultivar flores.
Nas flores, e até mesmo na sala de aula, ela está presente e me faz sorrir. Ultimamente, acho que ela está um pouco magoada comigo. Isso aconteceu desde que o segundo caso entrou na parada.
Eu tenho dedicado muito de mim ao trabalho e, além do muito que consome de mim, arrumei mais alguém. Esse alguém surgiu e trouxe um turbilhão de sentidos com ele, afirmando que nada precisa ser definido, basta que apenas consigamos sentir... e as sensações nos manterão no caminho certo. Embora eu não concordasse com ele, resolvi e arriscar. Pela quarta vez, falhei em minha escolha, tomei a aspirina e obtive a mesma resposta de sempre: Solidão não cura com aspirina.
Ela reclamou comigo esses dias. Disse que eu a deixei de lado por causa do trabalho e dele. Ela entende que o primeiro faz parte dela, mas acha que ele não deve fazer. Acha, também, que ele não merece nenhum pouco da atenção que eu dediquei a ele. Muita irritada, eu a chamei de egoísta, e ela, magoada, resolveu não mais se manifestar.
Por isso ando assim melancólica. Ele, depois que percebeu a briga causada, está sendo aquele que some sem dar sinal de vida. Enquanto isso, eu tento reconquistar meu antigo caso.
Assim que ela me perdoar, eu poderei gritar novamente que tenho um caso com ela.
Eu tive um caso com a vida.

31 de ago. de 2008

Desabafo.

Já faz algum tempo que você partiu e, mesmo assim, a sua imagem continua luminosa em minha recordação. É tão vívida essa sensação. É tão real quando fecho os olhos.
Já fez algum tempo que você partiu e eu ainda não consegui me acostumar com essa idéia. Às vezes eu me esqueço da sua ausência e é tão mais doloroso ao lembrar.
Eu sinto tanto sua falta, tanto quanto eu não sentia quando ainda estava aqui. Não pense que não te amei. Amei, mas sabia que estava bem, que tudo tava dando certo. E, de repente, você pregou essa peça na gente. Tudo que a gente não esperava de você. Aliás, era a única coisa que não esperávamos de você, bem sabe...
E hoje já faz algum tempo que você partiu e deixou aquele pedacinho de você aqui com a gente. Eu peço a Deus, todos os dias, que Ele te embale e te proteja. Que seu caminho seja iluminado e que a gente possa se conformar com a sua ida. Tem horas que eu não sei o que pensar, só sei que sinto muito a sua falta.
Mas não se preocupe comigo. Quero que esteja em paz. EM PAZ.

"O mundo é vasto, mas dentro dele é breve a existência das flores."
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Espero que perdoem o clima desse post, mas já não conseguia escrever. Preciso reorganizar minha vida, meus sentimentos, meu coração. Preciso repensar um pouco tudo que tenho vivido até aqui. Não deixarei de visitá-los, mas só voltarei a postar quando não mais existir o meu tom melancólico.

Beijos.

25 de ago. de 2008

Nebulosa

Como sempre foi em sua vida, ela respirava devagar para não lhe faltar o ar. Caminhava a passos lentos para não perder o delicado essencial.

Sonhava ser estrela de Hollywood e viver um romance desses que a gente vê em filmes.

Ela achava que a vida sempre lhe mimaria, assim como sua mãe fez o tempo inteiro. Achou que ia ser feliz da primeira vez, mas se enganou. Não era suficientemente boa para ele, que queria ser feliz a todo custo, e ela só queria ser estrela.

Da segunda vez, pensou que era pra sempre. Falou-se até em casamento. Ela tinha medo, sabia que tinha, mas não o encarava, preferia fingir que estava tudo bem. E foi o maior tombo de sua vida. Não sabemos dizer se foi pelo que ele lhe fez ou se foi pelo que ela permitiu que fizessem com ela.

Já não queria tentar a terceira vez. A possibilidade de dar errado era o que mais lhe assombrava. E foi então que resolveu não se levar a sério.

Tinha o lábio partido por causa do vento excessivo do mês de agosto. Tinha os olhos cansados, desbotados. Já quase não fazia força para brilhar e achava que o popular que adquirira não a poupava. Não mesmo, ninguém a poupou.

Mesmo não querendo arriscar, se apaixonou. E assim ficou sem saber como continuar a escrever sua história, que era tão bonita antes de se tornar tão triste. Embora soubesse que a vida é ponto de luz, único escape para a alegria, tinha medo de viver.

Tudo isso porque, no fim, não houve amor algum.

23 de ago. de 2008

Assim

Ando melancólica. Aterrorizada. Amedrontada. E, ao mesmo tempo, são tantas conquistas que nem sei como classificar esse turbilhão de sentimentos aqui dentro. Por ser tão pequenina, me ultrapassam.

É, ando assim, "infinitamente maior que eu mesma. E não me alcanço."

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Recebi da e do Adriano o Prêmio Dardos:

"Com o Prêmio Dardos se reconhecem os valores que cada blogueiro mostra cada dia em seu empenho por transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc…, que em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras.”

E possui três regras:

1–Aceitar e exibir a imagem

2–Linkar o blog do qual recebeu o prêmio

3–Escolher 15 blogs para entregar o Prêmio Dardos.

Repasso para:

Antônio, Antônio, Ly, Lilly, Diazepan, Carlos e Rafa, Nat, Rafael, Tiago, Art, Estava Perdida No Mar (que se perdeu e eu ainda não descobri o nome!), Medella, Gabi, Vanessa e Tititi.

E ainda ganhei um selinho especial do Adriano. Obrigada, querido!

Beijos.

15 de ago. de 2008

Escolha

Eu não quero sair daqui e me colocar a perder de vista por alguns momentos. A minha vida valeria a pena se você valesse a galinha que te consome enquanto eu fico aqui, perguntando o que acontece com meus pensamentos. Eles estão embaralhados, bem sei disso. Sei, também, que eu tenho grande parte da culpa neste cartório de processos arquivados. Aliás, é dentro deste mesmo cartório que meus fantasmas permanecem escondidos. Eles vagam entre um papel e outro, remexendo as pastas que coloquei nas últimas prateleiras da sala fechada.

Quando percebo que as coisas começam a acontecer sem que eu tenha habilidade para segurá-las, dá uma vontade imensa de chorar por que sei que, a partir daí, a escolha é minha. Minha estrada de tijolos amarelos se divide ao meio e não me resta sequer o Espantalho para oferecer ajuda. E quem é que disse que vou encontrar o Homem de lata e o Leão? Não vou encontrá-los, sei disso.

Enfim, estávamos sentados lado a lado, ensaiando como deveríamos dar as mãos, mas elas não se entrelaçavam.

Você contou com eloqüência sobre seus últimos dissabores, sem imaginar as desilusões que eu carregava. Pensou-me forte, e livre. Até pensou que era apegada ao desapego. Mas eu sabia que era como se o mundo não existisse antes. Ou melhor, o mundo existiu e tinha um marco: antes e depois de você.

Não havíamos planejado nada do que estava acontecendo. E meu medo? Bem, passei por cima dele, ciente de que, como minha escolha, qualquer machucado seria culpa minha.

Tá, ninguém deve assumir a culpa inteiramente só, porém eu assumo. E quer saber o motivo?
Eu sinto o que pode acontecer. Eu sinto os riscos que todos nós estamos expostos. Estou. Você está. Não adianta negar. Todo e qualquer ser humano é vunerável ao erro e a dor. Por mais que não queiramos, por mais injusto que seja, aconteceu.

Se estou bem? É um pergunta que não posso responder agora. Vou precisar de um tempo pra chegar a uma conclusão acertada.

Eu sei o que devo fazer. Sei também qual é o erro. E imagino como pode ser o meu gasto. Mas há uma chance e essa tentativa é minha, ninguém vai tirar o meu direito, nem meu esquerdo!

Quer saber? Ta na hora de me levar a sério. Você não, eu. Senti que preciso disso, afinal, também me fechei para o mundo por muito tempo. Mas agora é hora de me doar e eu quero que o mundo me receba de braços abertos e sorriso largo no rosto. Não, não precisa apressar a sua liberdade. Não precisa se permitir ser feliz se não quiser. Da mesma maneira que faço minhas escolhas, não posso fazer as suas. Isso depende de você. E quer saber mais um pouco?

Eu to verbalizando minha vida. Afinal, isso vem de longa data: nasci.
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"Quando eu quis você,
Você não me quis
Quando eu fui feliz
você foi ruim
Quando foi afim
Não soube se dar
Eu estava lá mas você não viu
Tá fazendo frio nesse lugar
Onde eu já não caibo mais
Onde eu já não caibo em mim.
[...]
Mas se eu já me perdi
Como vou me perder
Se eu já me perdi
Quando perdi você?"
(Arnaldo Antunes, 2 Perdidos.)

11 de ago. de 2008

Caçada

Era um acaso que mais parecia caseado. Ela carecia de aplicar aqueles tais conceitos, o senhor sabe. Acontece que ela não sabia realmente o que lhe era precioso, quer dizer, ela até tinha uma idéia, sabe, mas era daquelas idéias doídas, do fundo da alma não aceitar. O que ela queria mesmo era que o coração fosse remediado. Mas por quem? Por ele, é claro.

Ele até que aparentava um cara legal. Bom, bom mesmo é que ela não sabia se era. Talvez fosse. Acho que o problema maior era a negação, o fechamento. É que ele tava fechado pro mundo, sabe? E o mundo dela era se doar. Só que ela só sabia fazer isso a quem lhe estendesse a mão ou abrisse os braços. Ele tava fechado, daquele tipo trancado a sete chaves. Talvez estivesse tentando fazer juz àquilo que resolveram pensar dele, talvez fosse aquilo que pensavam.

Ela já não sabia o que era. Tava perdida, com aqueles traumas de mulher desprezada, ou insultada. O senhor bem sabe como é que fica mulher quando é chamada de puta, não sabe? Fica com aquele bicho na alma trancada, uma leoa faminta esperando a próxima presa desafiar como a primeira fez, e aí ela sabe que não vai ter piedade da caça, vai estraçalhar ao primeiro momento pra não correr o risco de ser desafiada pela terceira vez.

Ele não era a presa da leoa que ela carregava, mas podia se tornar a qualquer momento, era só perceber o passo errado ou comprovar que ele a desafiara.

Resolveu aplicar seus conceitos até que uma das partes provasse o contrário.
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"E de repente eu estava gostando dele, num descomum, gostando ainda mais do que antes, com meu coração nos pés, por pisável; e dele o tempo todo eu tinha gostado. Amor que amei - daí então acreditei. A pois, o que sempre não é assim?"
(João Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas.)

8 de ago. de 2008

Parabéns...

Hoje o Soda Cáustica e Guaraná completa 1 ano de vida.
Não, eu não me lembrei só agora. Mas só neste momento é que pude parar e escrever algo sobre o que é isso. Ou melhor, sobre o que esse ano de Soda acrescentou em minha vida.

Primeiro, me trouxe amigos, cuja importância é inestimável. Verdade, o que seria daqui sem vocês, queridos? Nada. Seria mais um blog abandonado às moscas, seria mais uma pessoa desistente da "escrita" da vida.

O Soda me ajudou muito. É por aqui que exponho um pouco do que penso sobre TUDO. Nem sempre os textos se referem ao meu estado de espírito. Às vezes posso me inspirar em terceiras pessoas, que carregam a vida no amâgo e não têm tanta sorte de vê-la florida.

Eu estou aqui por dois motivos:

Comemorar o Soda Cáustica

Comemorar os Amigos que ele me permitiu fazer.
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Parabéns a todos nós, que conseguimos manter esse cantinho em harmonia. Parabéns a vocês, razões da nossa existência.

"Se lembrar de celebrar muito mais..." (TM)

6 de ago. de 2008

Abro-me as cortinas

Algumas vezes eu sinto como se não tivesse saída. São aquelas horas em que a gente desespera, mas eu já nem sabia direito o que era esperança, então por que desesperar dessa forma?

A vida é uma equação de matemática, e como eu não entendo nenhum pouco dessa matéria, da vida, menos ainda.

Viver é, de fato, muito perigoso, principalmente quando se tem uma essência um pouco tempestiva, como a minha. Quer dizer, eu sou corroída pelo instinto, embora minha outra parte queira encontrar um ponto de equilíbrio.

Paro para pensar no que me consome: eu já fui murcha, ontem estive florida e, de um momento para o outro, posso chover e provocar uma tempestade elétrica. Só não consigo encontrar os motivos.

Há quem diga que me falte um amor, daqueles de deixar os olhos brilhando, o peito arfante e a boca seca. Há quem afirme sobre a minha capacidade de ser transparente. Defendem a idéia de que tenho muito a doar, mas as pessoas simplesmente não estão prepararas para receber essas coisas boas. Outros, como a minha mãe, acusam minha ambição de querer o mundo com pernas tão curtas.

Pode ser que eu tenha tudo isso dentro de mim e que esses “adjetivos” se mostrem em horas mais distintas. Particularmente, acredito que o problema ainda não é esse. Para mim, a vida ainda é uma cena e, como uma tragicomédia, vive me pregando as maiores peças.
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"É... meu computador
Apagou minha memória
Meus textos da madrugada
Tudo o que eu já salvei
E o tanto que eu vou salvar
Das conversas sem pressa
Das mais bonitas mentiras..."
(Fernando Anitelli)

5 de ago. de 2008

No recreio

Eu estive fora da blogsfera por uns dias. Senti falta de todos vocês, mas depois deste tempo longe, criei certa letargia mental.

Enquanto me coloquei fora, minhas produções foram ricas. Porém, neste momento, elas já não condizem com o meu estado de espírito, que passou de murcho para florido.

Com o tempo, vou postando pra vocês só pelo prazer de ter a opinião e de saber que vocês podem ver um pedacinho de suas essências nos meus escritos.

Os dias foram difíceis nas últimas semanas. E olha que estava em férias ainda. Mas agora tudo voltou ao normal. Estou de volta à sala de aula, aos preparos de novidades e muita leitura pela frente.

O coração segue dando pequenos sustos, pregando grandes peças e eu sigo esse caminho das pedras e dos aprendizados.

Ah, outro dia perguntaram aqui pra mim se esses textos eram meus. Bem, gente... eu não costumo colocar no blog nada que seja escrito por outra pessoa, a não ser os autores que coloco ali nas citações, embaixo da imagem. Se encontro algo interessante no blog de alguém,e resolvo citar, coloco os devidos créditos. Portanto, se não forem citados os autores, são meus.

Outra coisa que tenho percebido são aquelas letras de confirmação em alguns blogs. Genteeeeeeeeeem, o que é isso? Sério! Eu não me aguento... tem horas que eu não consigo mesmo saber que letras são aquelas, mas elas estão lá e eu tenho que coloca-las certinho senão, não consigo comentar... Tem horas que me dá uma vontade de não comentar nunca mais! Na boaaaaa, genteee... é necessário?

Não posso deixar de falar sobre a música que marcou o dia: No Recreio, do Nando Reis.

Beijos
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"...Os pés que irão por esse caminho
vão terminar no altar
Eu só queria me casar
com alguém igual a você
E alguém igual não há de ter
[...]
Não quero acreditar que vou gastar desse modo a vida
olhar pro sol, só ver janela e cortina
no meu coração fiz um lar
O meu coração é teu lar
E de que me adianta tanta mobília
se você não está comigo?
Só é possível te amar..."

1 de ago. de 2008

Provocação

Não me provoque. Provocar dói. Você me chama, pede atenção e fala sempre que esteve à minha procura, mesmo tendo atitudes totalmente adversativas. Eu não quero sentir saudade, não de você, não do que me fez sentir. Bem, até que não foi de todo mal, nossas conversas foram interessantes e, do mais que tenho a escolher, acredito que tenha sido o de melhor papo. Pode ser esse o motivo de eu ter cedido aos seus desencantos.

Não me teste. Eu sou capaz de boicotar meus desejos por capricho, só para não confirmar suas suspeitas. Sou orgulhosa o suficiente para negar as minhas vontades, os meus pecados. Eu sei que quer uma certeza: a de ter o controle em suas mãos. Você tem. Não precisa comprovar. E não peça isso. Vamos fazer de conta que eu faço aquilo que quero, certo? Vamos viver o meu faz-de-conta desta vez. Eu só preciso me sentir amada, mesmo que não seja.

Por favor, minta. Eu sei que você é bom nisso. Quando quer, consegue me fazer acreditar em você. É só dizer que gosta de mim, que não quer me perder. Eu não acho ruim ser feita de boba dessa forma, só não me ignore. Eu não suportaria. Uma mulher admite ser enganada, mas não ignorada.

Sabendo que me tem nas mãos, não as feche, por favor. Prefiro morrer afogada por beijos a morrer esmagada entre os dedos.

Já te disse pra não me provocar. Dói! Será que você está entendendo o que eu digo? Eu sei que gosta de me ver perdida, esperando sua mão se estender para que eu escolha meu caminho, mas você sequer sabe o que espero de você, e eu não sei o que esperar.

Você deduz que eu fique como uma criança olhando a vitrine de doces da padaria, enquanto aguarda o avô comprar seus pães do lanche da tarde. Ela quer que o avô diga para que escolha o doce que queira. E a voz do avô diz. Porém, a voz dele nunca vem na sua. Você age como o doce da vitrine: espera a hora de ser agarrado pela atendente até ser colocado nas mãos da criança. O seu maior prazer é se sentir entre os lábios da menina e perceber que também é o maior prazer dela naquele momento. Você quer ser saboreado e digerido, quer ser o doce enjoativo da vitrine da padaria, que a menina vai com seu avô para comprar pães. Você quer ser eternamente o doce que a menina olha. E ela realmente olha para a vitrine todos os dias.

Você está ali. Não demonstra sua inquietação. Não demonstra o quanto sente falta de estar entre os lábios dela. Não demonstra, ao menos, vontade de saltar às mãos da atendente. Acha que a menina vai te pedir, vai chamar por você, vai esperar ansiosa a voz do avô dizer para escolher o doce que quiser. E a voz do avô diz.

Mais uma vez eu tenho que te pedir para não me provocar. Eu já disse que dói. E dói demais. Sinto saudade de você. Sinto saudade das horinhas que passávamos juntos, falando sobre tudo ou, até mesmo, sobre nada. Era bom só de estar ali, ao seu lado, acreditando que poderia ser por mais tempo do que realmente foi.

E, por essas minhas palavras, você achou que eu estava te escolhendo novamente. Não era isso. Eu só queria aproveitar a sua presença. Só queria te conhecer. Saber sobre o que te faz feliz. É... simples assim. Eu queria saber o que coloca brilho nos seus olhos, sorriso nos seus lábios. Queria saber o que te faz querer segurar a mão de alguém, ou apoiá-la, ou até mesmo abraçar apertado, tipo abraço de urso.

Como o doce de padaria, você ficou ali esperando, uma vez mais, ser escolhido. Mas a menina não te escolheu. Ela não tem o hábito de repetir aqueles doces, principalmente quando causam enjôos. Ela decidiu experimentar novos sabores.

E você está ali, somente um doce na vitrine, enquanto a menina escolhe suas possibilidades. Pode ser que ela vá à padaria com o avô por você. É possível que ela te olhe e te deseje.

E se isso for realidade, você, objeto, é possuidor de um sujeito. O sujeito está em suas mãos. Você sabe que está e sorri por isso. Sorri por lembrar que um objeto manipula um sujeito como um boneco de cordas. É a primeira vez na história da gramática em que o sujeito dependente totalmente de um objeto, que existe sem verbo e, por isso, não há como saber se é direto ou indireto.

Um pedido. Uma história com um objeto sem classificação sintática, e um sujeito dominado por esse objeto. O uso de metáforas que ainda não conseguem transmitir o que eu sinto ao ser provocada por você. E quando eu falo em provocar, a palavra dor dispensaria todas as outras utilizadas.










"Still a little bit of your taste in my mouth
Still a little bit of you laced with my doubt
Still a little hard to say what´s going on
[...]
Stones taught me to fly
Love taught me to lie
Life, it taught me to die
So it´s not hard to fall
When you float like a cannonball."
(Damien Rice)
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Queridos mimos meus, passarei, com o tempo, de blog em blog comentando e explicando esta minha ausência. Vocês são muito importantes para mim!
Beijos.

20 de jul. de 2008

Não, sem dor!

Penso, não sem dor, em tudo que nos aconteceu.

Eu não tinha pressa, não tinha esperança. Ao contrário disso, eu sabia que algo estava errado. Sabe aquela voz que diz pra você que é hora de parar antes de se machucar? Ela falava comigo, mas eu não a escutava.

Agora, de certa forma, estou ferida. Não pelo tempo que se passou, não pela esperança de tê - lo ao meu lado, ou de vê-lo lutar por algo que acreditasse. Quer dizer, não por ver que não acredita no mesmo que eu. Talvez esteja ferida por mim mesmo, por não me perdoar. Acho que cheguei em algum lugar que não conseguia chegar. O perdão, não ao próximo, mas a mim.

Enquanto tento escrever sobre isso, lágrimas correm e a música não cessa.

Sinto-me fraca ao pensar que perdoei tão facilmente as palavras proferidas. Queria sentir o sangue ferver ao lembrar de tudo que foi dito, gargalhar como bruxa ao recordar da mensagem enviada. Queria dizer que não te perdoaria jamais no dia em que você se mostrou arrependido. Ao invés de tudo isso, o que fiz? Perdoei antes mesmo do seu pedido. Perdoei só para não me cutucar todos os dias com aquilo que eu ouvi e não gostei. E perdoei porque não sou capaz de sentir a raiva que gostaria de sentir.

Mas, e agora? O que faço de mim com essa falta de perdão? O meu, não vem. Não enquanto eu olhar pra você e sentir vontade de estar ao seu lado, ou ainda sentir a mão se mover em direção ao telefone para te ligar. Meu perdão vai ficar estacionado e só se moverá no momento em que eu não mais precisar escrever sobre você.

E, assim, começa mais um conflito interno com o meu consentimento. Minha razão e meu coração. Dois pontos divergentes, duas contradições que carrego dentro de mim e que dilaceram cada pedaço de minha alma, que clama por um consenso.

Personifico essa contradição em minhas palavras, com o uso de tantos “nãos” e tantos “perdões”.

Eu ainda tentarei sobreviver a tudo isso. Mas como disse uma vez, não me basta a sobrevida, eu quero viver. E eu vou conseguir, nem que tenha que cortar um pedaço de mim para atingir a plenitude.

Agora vai o meu aviso: Coração e razão, se resolvam logo. Se não conseguirem, eu arranco um dos dois da minha vida...












"He tries to pass it by
As he tries to pacify her
But what´s inside her never dies."
(Amy Winehouse)

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Mimos:
Ganhei da , o selo Prêmio Blog Inteligente
E do Adriano, ganhei um selinho inédito: Um Blog Amado
Obrigada, queridos!

18 de jul. de 2008

Idéias Bizarras

Hoje é sexta-feira, dia de festa e alegria! Ando com tantas coisas para escrever, meus mimos, tantas, mas ainda estou tentando encontrar a forma menos dolorosa de escrê-las, sabe? Na verdade, nem sei se é dor o que sinto, mas é algo que ainda corta um pedacinho da minha capacidade de comunicação. Entretanto, o que vim fazer aqui hoje é apresentar uma promoção que tá rolando na globo.com. Como eu sei dela? Um amigo meu, carioca e bizarrinho, me deixou um scrap no orkut contando sobre. Ele trabalha nessas coisas meio doidas e pediu minha ajuda para divulgar a campanha. Como sou um ANJO, um ANJO mesmo, resolvi dedicar um post aqui para ajudá-lo. Fui justa?

Neste site http://ideiasbizarras.globo.com/ temos em exibição o fim do comercial de pé de pato. Vocês já viram? Bem, eu nunca havia visto antes... porém, entretanto, contudo, todavia... risos, fui obrigada a vê-lo.
O que isso tem a ver com a promoção? Oras, simples, gente!
Você só precisa gravar um vídeo com um final bizarro para um comercial, cadastrar-se gratuitamente na Globo.com, enviar o seu vídeo e torcer para que ele seja o mais bizarro de todos, lógico.
- Tá, e o que eu ganho com isso, pitanga azeda?
Você concorre a uma SCOOTER! [Bem, não vejo muita graça na bichinha, mas pra quem nunca ganhou nem um pirulito em sorteios, se ganhasse uma dessas tava valendo!]

Por enquanto, esse foi o mais bizzaro:




Beijos!

16 de jul. de 2008

Fas[c]es de mim

Sempre fui muito clara com as pessoas. Não tenho o hábito de convencê - las daquilo que não acredito. Já disse muito mais sobre mim do que precisavam saber, expondo meus medos e me tornando vunerável aos ataques planejados. Coloquei muita coisa em jogo por ser sincera demais.

Sou temperamental e desastrada. Meu humor é ácido e nem sempre gostam de ouvir o que tenho a dizer, por isso ando mais calada que de costume.

Sei o que quero, mas nem sempre sei como chegar aonde quero. Já coloquei muita gente incerta pra correr, embora eu goste de gente indecisa, mas não o tempo inteiro. Conheci muitas pessoas interessantes e elas não sabem aonde querem chegar até hoje.

Quebrei paradigmas, mudei meus valores, busquei coisas que não faziam sentido.

Já fui muito incompreendida e corri atrás de meus sonhos sem precisar pisar em ninguém. Nunca tive o hábito de usar as pessoas.

Eu já me decepcionei muito por acreditar nas pessoas, mas meu coraçãozinho sempre pede que eu dê mais uma chance, mesmo que depois eu tenha que colar os mil pedacinhos destruídos de minha alma.

Acreditei demais e quebrei a cara. Acreditei de menos e fui surpreendida. Aprendi que a justiça divina não falha, eu não preciso sujar minhas mãos, muito menos a minha dignidade por nada. Cada coisa tem a hora certa para acontecer e todo mundo paga por seus erros. Inclusive você.

Cometi erros. Muitos. Mesmo assim, sigo em frente, levanto a cabeça, limpo minhas roupas, ajeito o cabelo; Uma unha ou outra sempre acabam quebrando nessas quedas, mas voltam a crescer, portanto deixei de me preocupar com elas.

Me adaptei à muita coisa nova e acreditei mais uma vez que alcançaria o céu! Consegui ser contrária a mim mesma por muitas vezes e, acredite, ainda sou! Minha consciência vive tranquila: não vivi nada pela metade.

Fui proprietária dos maiores castelos de cristais nas nuvens, mas também quebrei milhares deles. Procurei amores e dispensei-os com a mesma intensidade. Desejei ser borboleta e vivi tentando me encontrar, inconformada com a condição de ser humano. Agradeci a Deus pelo dom da VIDA que me foi concedido.

Perdi meu poder de regeneração e cansei dos contos de fadas,embora ainda espere vivê-los. Já me tornei um personagem cliché de uma história escrita em lugar-comum. Vivi hiatos criativos que duraram meses, e ainda os vivo com freqüência.

Já aspirei à inquietação da alma por muito tempo e, também, que ela ficasse quietinha e calma, contentando-se com aquilo que podia sentir. Preferi carregar o caos dentro de mim, desejando sempre gerar uma estrela.

Já me fiz tão iminente quanto os sinos badalantes, me desafinei como uma caixinha de música e perdi o equilíbrio como a bailarina! Perdi a coragem e desanimei perante a mutabilidade da vida...

Fui minha força de lutar e minha vontade de vencer. Fui também as críticas que voltaram à mim por medo de surpreendê-los, mas fui, ainda mais, os elogios que recebi.

Sou os amigos que passaram por mim, aqueles que se foram, os que ficaram, e os que ainda hão de chegar. Eu sou tudo que eles me permitiram ser.

Já fui aluna e ainda sou. Conversei em hora errada, tomei muita bronca, tirei nota vermelha e deixava pra estudar nos últimos bimestres. Depois tive que recuperar o tempo perdido, estudar e ralar muito... para me tornar Professora. Me orgulhei dos meus atos e dos atos de outras pessoas. Tive orgulho dos meus alunos, das notas alcançadas, das dificuldades superadas.

Eu já fui fogo depois de ser cinzas. E me reergui delas. Sobrevivi.

Tive dor-de-cotovelo, dor-de-barriga, dor-de-cabeça, dor de amor... [E como tive!]

Me levantei de tombos incalculáveis. Sucumbi à vôos indeléveis. Já me tranquei no quarto e chorei por horas a fio, sem me lembrar que havia um mundão que eu não conhecia lá fora.

Magoei pessoas da mesma forma que fui magoada. Sonhei, dancei, brinquei...Fui criança e ainda resta muito dela em mim!

Já briguei com meus pais e depois percebi o quanto amava cada um deles, como se fossem pedaços de mim. Aprendi a somar elementos em minha personalidade, a conservar defeitos e qualidades. Me mantenho em construção a cada dia. Já paguei muito mico e continuo pagando.

Eu já fui a menina do sorrisão estampado. Fui um estado de espírito e uma princesinha, dona de seu próprio reino. Eu vivi intensamente o momento presente e me atrasei para o seguinte...

Já me senti ferozmente dilacerada pelo sofrimento, mas a ilusão e a esperança dessa coisa chamada "amor" é o que tem me mantido viva. O Amor que sinto pela humanidade, a fé que eu ainda boto no mundo! Mesmo que eu veja, algumas vezes, a minha capacidade de amar ser destroçada, proibida, impedida, eu ainda acreditarei.

Eu SOU bastante forte para sair de todas as situações dificeis em que me meti, embora eu tenha sido suficientemente fraca para entrar.

Acho espantoso VIVER: acumular memórias e afetos!Daqui pra frente, decidi andar sempre distraída, pois não há nada a ser esperado, nem desesperado

Sou fases da minha vida. Sou a MINHA PERSONAGEM EM CONSTANTE CRIAÇÃO.

Posso ser a Dorothy e ir ao Mundo de Oz, se eu quiser! Posso ser tudo aquilo que ninguém imagina.

E apesar de tudo isso, eu ainda sei, com absoluta certeza, que estar viva é sensacional!

15 de jul. de 2008

PS I Love You

Há algum tempo, minhas amigas resolveram ir ao cinema. Dois filmes em cartazes aqui na minha cidadezinha: I´m the Legend e P.S. I Love You.

Insisti muito para que víssemos o tal P.S. afinal, ninguém merece ver o Will Smith caçar zumbis no domingo a noite. Porém, mesmo com todo o empenho de minha parte, recusaram e preferiram ver a Lenda.

Algum tempo depois, surgiu aqui em casa, como quem não quer nada, o filme que eu queria muiiito ver.

P.S. I Love you retrada a história de um casal apaixonado que passa por momentos dificeis. Entretanto,o mocinho da história tem um problema de saúde e deixa sua esposa sozinha. Para uma mulher extremamente dependente de seu amante, a vida começa a ficar dificil e a única vontade que ela tem é de se encontrar com ele.

Antes de partir, ele já havia preparado algumas coisas pra ela. Cartas. Cartas de amor. Não para lembrar dos dois, mas para lembrar dela. De como ela era, dos sonhos que tinha, e do que ela gostaria de fazer. E assim começa uma jornada. Viagem para irlanda, brigas, desentendimentos, momentos cruciais para a retomada da vida.


Confesso à vocês que fiquei surpresa com o filme. Não esperava dele mais que uma comédia romântica, mas encontrei muita coisa real. Encontrei uma ponta para revirar as feridas e pensar bem nas coisas que ando fazendo. O que faço com minha vida, e por que pensar em colocá-la nas mãos de outra pessoa. Você sempre irá esperar outra carta para saber se deve ou não continuar?

Fazer o seu momento, seguir seus instintos, se permitir amar novamente. Nada é pra sempre, nem a dor que a perda causa.

Ah, não posso deixar de falar que a trilha sonora é tão maravilhosa quanto a história.

P.S: Keep yourself alive.

13 de jul. de 2008

O Canalha da Rua XV

- Oi!?
- Oii...
- Você disse pra eu te ligar, então... que tal fazermos algo hoje?
- Ah, você recusou várias vezes meu convite.
- O de ir pra banheira? (Risos)
- Esse mesmo.
- Ah, mas não, né?! Não agora... vamos sair, conversar, tomar alguma coisa, que você acha?
- Não, me ligue quando você quiser aceitar o meu convite.
- Peraí, você quer dizer o quê com isso? Que você vai ficar comigo somente para ir a um lugar que tenha essa banheira? Quer dizer que sou a menina da banheira pra você? É isso?
- Exato.
- Mas... mas... por que você não disse isso antes?
- Que diferença faria dizer antes ou agora se não rolou nada mesmo?
- Hunf... Boa sorte pra você. E esqueci de dizer o motivo de não aceitar ir ao motel em sua companhia.
- E qual é?
- Você não me excita nenhum pouco! Quem sabe um dia alguém te ensine como fazer isso!!

Tu tu tu tu....

E a única coisa que restou à ela foi a indignação. Nunca imaginou que ele seria capaz de dizer isso, por mais que soubesse das reais intenções dele, dizer isso assim, na cara lavada, foi demais para ela.

Não se matou naquela noite. Foi para o bar, bebeu e voltou para casa feliz da vida.

O problema foi o dia seguinte, quando a ficha caiu e a solidão voltou a bater em sua porta.
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"He walks away
The sun goes down
He takes the day but I´m gown
And in your grey
In this blue shade
My tears dry on their own."

11 de jul. de 2008

A casa da Saudade

O sol nasce e traz pela mão a saudade, que chora por suas lembranças. O seu choro é estridente e causado pela vista da casa.

A casa fica numa rua estreita, que também sente falta do passado feliz.

O portão desta casa era dourado mas, hoje, a ferrugem toma conta de cada pedacinho do velhinho solitário. A porta de entrada aguarda com avidez por alguém, mas suas esperanças acabam em lágrimas. De vez em quando, o vento passa e a embala para que possa dormir um pouquinho. As soleiras da porta estão verdes e negras de limbo.

As paredes regurgitam aranhas, formigas, baratas e lagartixas pelas gretas, corroendo-se de dor pela umidade que a banha. A tinta está perdendo a cor, em algumas partes restam, apenas, tijolos.

No quarto, já não existe móveis. Há apenas algumas cadeiras gritando por socorro pois estão sendo carcomidas pelos cupins, habitantes do local. A janela do quarto recebe flores que vivem no jardim.

A sala-de-estar, habitada por vermes da terra e plantas mal-olentes, treme de frio, descoberta de piso. Alguns metros cúbicos são ocupados por azulejos.

A terra pede a custódia do chão, que jaz lamoso e nojento. As colunas, que enfeitavam a sala, caíram uma a uma e clamam para que os vermes sejam piedosos.

No estado lamentável em que se encontra, a sala-de-estar chora e se sente triste pelo fim.

A janela canta uma canção de ninar para acalmá-la, e o vento pede licença para entrar e fazer dormir a cadeira de balanço, quase parada de sono.

O sol se pôs levando no colo a saudade, adormecida de tanto chorar.

Escrito por Ná, aos 17 anos.
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Ganhei dois Selinhos do Adriano, o moço que vive me emocionando...
Este, repasso para: Tititi, Bruno, Gabriela, Pitanga
E este, para: Não conhece?Eu te apresento!, Que momento!, P.S-Palavras de Silêncio, Rascunhos, retratos e contemplações.

10 de jul. de 2008

Para um amigo, de coração

Hoje foi quase um dia de cão. Precisei ler algumas páginas de um artigo, mas ainda não consegui refletir sobre ele para fazer a tal da resenha crítica que me foi pedida. Porém, como todos os dias, abri meu msn... e fui buscar a conversa em uma de minhas fontes mais rentáveis para a palavra, um grande amigo, queridíssimo e inteligentíssimo, Fábio.
Começamos a conversar e a minha mente estava bem dispersa. São tantas coisas a resolver, tanto a falar que, as vezes, não consigo sintonizar. Foi então que comecei a reler algumas palavras dele sobre mim e gostaria de expô-las pra vocês. Não sei se são verdadeiras, mas ele sabe muito mais de mim do que eu mesma. Ele enxerga as minhas confusões mesmo quando eu não consigo definí-las.
E ele diz sobre mim:
" Natália: Latim, Natalis, dia natalício. só consegue amadurecer depois de muito lutar para chegar a um equilíbrio entre a razão e o coração. Por isso muitas vezes é vista como uma pessoa inconstante. É fiel e exige que seja tratada com deferência.

"Um cliché. Sou sim, bem sem graça... "
Sem graça?
Graça: do Lat. gratia, agrado
s. f., favor que se dispensa ou que se recebe;

mercê;
perdão;
comutação de pena;
despacho, nomeação;
privança;
elegância de formas, encanto, sedução;
elegância no estilo, dicção espirituosa;
espírito, chiste;gracejo;
dom sobrenatural como meio de salvação ou santificação;
nome de baptismo;

Cabo Verde,
vontade;
(no pl. ) agradecimento;
(no pl. ) benefícios espirituais concedidos pela Igreja;
(no pl. ) designação de três deusas pagãs;

Obrigado!.
Não é sem graça
De todas as significações, tu és...
Agrado...uma agrado enviado pelo Arquiteto desse Universo sem fim...
Um favor que se dispensa, e eu recebi...um favor divino...
Uma mercê, um indulto, uma recompensa que recebo...
Elegância de formas,TODAS as formas, dentro e fora...
Encanto simplesmente....
Sedução sempre...
Elegância no estilo, ora, és professora!
Dom sobranatural como meio de salvação e santificação, pois é ,me salva, de mim mesmo, me salva da mina letargia intelectual, me faz pensar...


OBRIGADO
QUAL SUA GRAÇA?

“...e estou vivendo um hiato criativo, aspirando à inquietação da alma...”
Se cada um sofresse de deste seu “hiato criativo”.....
Teríamos pinturas de rodin, boticelli, da vinci e picasso a “preço de banana” em cada esquina deste mundo, de Timbuktu à Tóquio.....
Cada documento, cada contrato, cada carta seria em poema, por mais informal que fosse...
Viveríamos em um grande planeta teatro, onde todo dia teríamos performances, espetáculos, festivais, tudo nas ruas, a todo instante....
Não haveriam guerras, haveria arte...
O verbo amar seria conjugado a cada dois segundo. Não!!! A cada milésimo de segundo....
E, assim, realmente, um léxico só na seria suficiente ( já não é pra mim agora)

“...Prefiro carregar o caos cá dentro a não ter esperança de gerar uma estrela...”
BIGBANG!!!!!!!!!!
É no início, havia o verbo...

Foi então que despertou toda a minha curiosidade. Foi muito difícil entender como é que ele enxergava tudo isso em mim apenas por ler algumas palavras...
E então, outra surpresa:

"Um paradoxo alegorizado"
Deveras paradoxal,deveras. Nem entrarei no mérito do "alegorizado".
Fantástica! É uma baixinha linda, adora clarice lispector, tem medo de morrer sem ler tudo o que tem vontade.
Pode ser, sabe, ela diz que o bolo de chocolate com morango é demais!

Gosto demais dela! Ela responde as coisa do jeito que quero, do modo que espero, pensa parecido comigo, e como é linda, meu Deus! Ela vale um batalha! É uma declaração... eu não sou muito de falar de Deus, mas ela me faz falar...
Te entrego minhas palvras, com a alma aberta, com o coração em chamas.


E, logo após, o poema:

DESUSO-ME
Meu nome é língua morta
Não me conjugam
Não me flexionam
Não me fazem ser

E com o tempo
Deixo de ser
Desapareço do vocabulário
Não mais praxe, não mais estilo
Torno-me arcaísmo

Em queda livre da existência
Mas há esperança
Que em um súbito querer de rebusco
Seja desenterrado das profundezas do pretérito
E, assim, preencha o vazio de um significado

Aí me farão valer
Serei o refrão da seresta
Serei a rima do terceto
Então, em uma simples rabiscada
Terei o amor de uma vida inteira.

Foi com surpresa que recebi o poema. Com medo dessa admiração que se expunha sem pudor. Medo, de verdade... Mesmo assim, mantive nossas conversas e um depoimento veio a me deixar maluca:

"A Natália é igual a vista do apartamento onde atualmente moro em São Paulo, pois prostrado diante da janela vejo o conjunto de prédios da Santa Casa de Misericórdia, uma obra de mais de cem anos de idade, construída em um estilo que não sei como identificar( nem tentarei, haja visto não estar habilitado para tanto,) , mas continuando, um pouco mais abaixo, quase defronte pro meu prédio, fica um edíficio residencial, de toque bem modernista, à la Nações Unidas Building, com um espaço de lojas embaixo. A este ponto da minha descrição você deve estar se perguntando "mas o que diabos é tudo isso relacionado à garota? Simples, a Natália é ontem e agora, é confusão e calmaria, é diversidade, antigo e novo, passado e eternidade. É uma mulher de seu tempo, e de todos os outros. É a loucura que assola o hospital e a calma caseira que acalenta as famílias. É clássico, neo-classico, art noveau e decó. Por fim, é fascinação.
A beleza não é da vista, é da confusão, não é da Natália física, é da intra-Natália, aquela dos sonhos , da confusão, da indecisão e da diversidade. A menina em vias de ser cosmoplita. Beleza estética só você tem, a vista daqui não. "


Hoje, ao conversar com ele e mostrar toda a minha confusão, soltou outra revelação:

"Sabe, te compreendo e , ao mesmo tempo, acho que não te entendo, e é, de certo modo, divertido, pois eu não sei o seu rumo, ou melhor, o rumo que vc quer pra vc mesma, assim, é meior divertido, não digo que seja divertido ver a confusão que cria pra vc mesma -por conta de tua condição de ser humana -mas por ser diferente, ser esta combustão incessante de vida, de conflitos internos, mostrando que não és o "pão com manteiga" comunzinho das manhãs, és algos melhor, maior, mas ambragente. És vida.
Ao te ler, gosto de vc além do limites do que é carnal, gosto pela sua qualidade de ser humana e poética, comungando, assim de um forma que eu não posso explicar. Só sei que me faz melhor, de uma maneira que vai além de mim mesmo. Sei que é um tanto quanto etério o modo como coloco, mas só sei que é assim, é ótimo te ter aqui, pois este jeito fulgurante de escrever - até mesmo na melancolia - aflora o melhor nos outros, e em mim."


E depois de todas essas palavras, me lembrei de algumas que vieram lá no começo, quando ele leu a minha descrição, quando deixou mais um recado, com o qual finalizo a seção e respondo à tanta admiração e carinho:

"Eu gostei muito do que escreveu sobre ti, foi clara e poética.Sabe, você ainda é um mistério pra mim, e isso me incomoda bastante, pois eu, geralmente, tenho uma facilidade pra “ler” as pessoas, e a impossibilidade de “ler-te” me instiga e me enraivece. Mas não por não entendê-la, e sim por não saber em qual estágio de sua, diga-se, confusão está. Caso contrário, seria bem mais fácil te agradar, mas eis que caiu em uma contradição, pois, se te entendesse, seria uma decepção. Ora, é isso que me instiga, se a Srta. fosse tão clichê, não seria tão divertido buscar-te,-- seja lá onde estiveres. Supero-me ao tentar não te parecer chato ou idiota, e sabe, chega a ser meio dolorido buscar tal perfeição.Mas a dor leva à conquista, não de ti, (ainda) não sonho tão alto, isto é, leva à conquista de mais saber, de uma maior excelência e finura no trato com as pessoas e ,principalmente, com a língua mater.Agradeço pro ter tropeçado nas linhas virtuais que continham o seu ser. "

Fábio, você sempre será o convidado de honra no meu reino. É bom sempre ter sua opinião e por isso te pentelho pedindo para que me leia. E como lê sem que eu tenha escrito, amigo! Você é portador de sensibilidade e sensitividade invejaveis. A vida sempre é uma contradição, não é? Então, eu posso ser uma também!? Odeio esse paradoxo que ocasiono, simplesmente por não conseguir tomar uma simples decisão ou escolher um único caminho a seguir. O problema é que me permito a dúvida sempre, e você sabe disso. Eu quero tudo! Quero o mundo! E tudo ao mesmo tempo! Abraçar todas as possibilidades com braços pequenos...
Você me faz acreditar que o ser humano nasceu para despertar coisas boas nos outros. Você me instiga para a vida.
Agradeço por tê-lo encontrado.
Eu sempre serei tua amiga e sempre o terei na mais alta estima, dentro do meu coração.

Esse post foi pra você, querido.
Beijos.