4 de nov. de 2009

These Days...

Por muito tempo estive tentando descobrir o que estava acontecendo. Como seria possível transcrever algo que você nem mesmo sabe o que é? Já era bem difícil falar quando sabia o que estava sentindo...

Aquela história era o pedaço que faltava no quebra-cabeça. Ler e ouvir como aquela ausência se fazia tão forte me fez entender...

Cada pedaço meu havia sumido. Uma falha tão grave deixar que parte de alguém me preenchesse... Eu deveria ter imaginado que, quando esse alguém partisse, eu me partiria no vazio destruidor.

Então eu apertava meus braços contra o meu próprio corpo, tentando segurar o vazio, tentando não deixá-lo se alastrar.

Era a falta dele que eu sentia, como se tivesse sido apenas um sonho e nada, nunca, tivesse acontecido.

Talvez eu tivesse sonhado com os melhores momentos de minha vida, mas eles não existiram, não na verdade... Era como se um buraco negro se abrisse em minha alma.

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(Cena do Filme "Lua Nova"[New Moon, 2009])

20 de set. de 2009

Ato falho

Não tinham mais nada e por isso não se encontravam há meses. Então, no meio de mais uma questão em que não concordavam, ela deixou escapar:

- Não, amor... É... Desculpe.

E ele, claro, perdoou. Não o ato falho que o fizera tão feliz naquele momento, mas o pedido de desculpas.

8 de set. de 2009

Feridinhas

Nós todos temos feridas: novas feridas e antigas, que já deveriam ter se curado mas não o fizeram.
A verdade é que nós não deixamos essas feridas cicatrizarem pelo simples fato de acreditar que elas nos ensinam algo. Pode até ser. Elas nos lembram de onde viemos, os caminhos que percorremos e como chegamos aqui. As nossas feridas fazem parte de nossa história. E a nossa história, nosso passado, é como um fantasma que vive voltando para nos assombrar...
Embora acreditemos que sempre aprenderemos algo com nossas mágoas, sempre haverá situações em que deveremos aprender diversas vezes a mesma coisa...

"I felt the same today
as I was feeling yesterday
It'll be the same tomorrow
from an only one change
Never want to say it's love
but it's what I'm thinking of..."

2 de set. de 2009

Não quero dizer que é amor

Há algum tempo venho perdendo meus textos pelo caminho.

Sempre há essa necessidade sufocante de escrever, mas elas não saem. Elas, as palavras, estão aqui mas não querem sair, não querem ser lidas, sentidas, tocadas. Nem sei ao menos convencê-las de que o outro lado é bom, afinal convencê-las desta mentira seria a coisa mais desonesta do mundo.

Estão aqui, sufocadas por vontade própria, enquanto alma e coração se unem para expulsá-las de dentro.

Talvez o motivo desta recusa seja o fato de tê-las guardado mpor tanto tempo. Vivendo bons momentos, quis poupá-las para expor o clímax da história que não existiu... Então elas se recusam a reportar mágoas e ressentimentos e, sendo assim, mantem-se ao lado das lágrimas que, embora tenham sido solicitadas, também se recusam a sair.

Bem sei que a vida tem dessas tapeações, eu mesma já passei por milhares delas... mas é sempre bom ter a alma pura para voltar a confiar e acreditar, mesmo que seja mais um cliché, mesmo que a história volte a se repetir...






"Now I miss you
Now I want you
You're not coming back...
And I need you
But I can't have you
Even when you're here"
[Dido, Quiet Times]

12 de ago. de 2009

Tá de brincadeira!

-STOP!

Aquele foi o último grito que ouviu. Antes de entender o que acontecia, imaginou ter sido um alerta de algum um americano ou inglês, pois precedeu uma enorme dor no peito que, de tão forte, logo parou de doer.

Morreu. Assim mesmo, sem vida passando diante dos olhos, sem luz azul, sem eufemismos de qualquer qualidade. Morreu e ponto.

Quando se deu conta estava em uma espécie de sala, com gente de várias etnias e idades diferentes. Uma porção de pessoas que não entediam o que acontecia.

Compreendeu que estava morto. Um pouco por dedução e muito pela placa que trazia em letras garrafais: "Você está morto. Suas dúvidas serão sanadas em breve."

Ficou calado e pensativo, até que um senhor subiu em uma mesa e gritou para que formassem uma fila para contabilizar os pontos. Por coincidência esta mesa estava bem ao seu lado e, portanto, foi logo o primeiro a falar com o ancião:

- Contabilizar pontos? Do que se trata?

- Sim. Os pontos que você fez na vida.

- Então, quer dizer que estou morto mesmo?

- Tecnicamente? Sim...

- E "não - tecnicamente"?

- Também.

Ao responder isso, o senhor apoiou o peso do corpo em um dos braços para ver o tamanho da fila que se formava, olhou para o recém chegado e:

- Pode começar.

Coçando a cabeça, começou a enumerar:

- Sou católico, nunca faltei uma missa, briguei com meu irmão só até os catorze...

E foi abruptamente interrompido com uma espécie riso de canto de boca.

- Meu filho, religião nunca teve valor aqui. O que vale é o quanto você aproveitou da sua jornada no mundo material. É triste, mas quase todos que chegam aqui acreditam que só cruzarão aquele portão se tiverem seguido uma porção de regras que vocês mesmos criaram.

E prosseguiu:

- Sou testemunha das tentativas que Ele fez para que compreendessem isso. Mandou o próprio filho, e vocês distorceram tudo que ele disse. Criou as terras, cada uma com suas belezas e vocês cercaram para chamar de países e acharem que têm legitimidade para atacar os mais fracos. Inspirou músicas, histórias... E olha que as regras são facílimas, tal qual a mais simples brincadeira de criança.

Ao ouvir esta última frase o desencarnado compreendeu o sentido de tudo. A vida era um enorme jogo de stop, e o grito que ouvira na sua hora derradeira foi o sinal que era chegado o momento de prestar contas. E foi só aí que sua vida passou diante dos seus olhos.

- Pela sua expressão vejo que finalmente compreendeu tudo. Está preparado? Perguntou o velho detrás da mesa.

E acenando positivamente com a cabeça, começou a responder:

- Sinceramente não sei se fiz pontos suficientes para entrar ali. No início, em minha infância, fui muito bom nesse jogo. Provei de todo tipo de fruta: abacaxi, amora, ameixa, abacate... isso para ficar apenas na letra "a", mas depois me fizeram acreditar que a maioria delas deveria ser evitada, umas por serem muito gordurosas, outras ácidas demais.

- Brinquei com vários tipos de animais. E gostava de todos! Segurava répteis com as mãos, queria montar em cachorros, tentava fazer cócegas nos gatos para ver se riam como minha irmãzinha. Depois me deixei crer que os gatos eram traiçoeiros, os cachorros bobos demais e os répteis, sem exceção, eram peçonhentos. Não toquei em mais nenhum animal vivo desde então.

- Conheci o mundo pelas histórias do meu avô, que viajou mais do que qualquer outra pessoa que conheci na vida - ele sim deve ter feito muitos pontos aqui - pensou o morto. No entanto, quando tive oportunidade de conhecer outras culturas com os meus próprios olhos, percebi que achava o deslocamento muito chato. E só ia quando eram viagens de negócios. Só descobri que todos os hotéis parecem iguais.

- E por falar em negócios, na infância perdia horas escolhendo uma profissão. Já quis ser bombeiro, maquinista, ascensorista, guarda de trânsito... e muitas outras que nem lembro. Mas me tornei advogado por que acreditei que era mais importante ganhar dinheiro.

- Como eu disse no início, mudei muito. A rotina fez com que eu perdesse a coragem de experimentar porque precisava acordar cedo na segunda-feira. Eu devia ter percebido os sinais. Cheguei até a ganhar um livro sobre as mil coisas que devemos fazer antes de morrer. Mas achei que não lê-lo seria umas dessas mil coisas e, por isso, arranquei e guardei a dedicatória de minha mulher e joguei o livro no lixo - com isso contei duas coisas das mil.

- No entanto, percebo que todos os planos que abandonei por achar que eram bobagens infantis ou idealistas demais seriam os que me colocariam portão adentro. Enquanto os investimentos e as dietas rigorosíssimas só me atrapalharam, mesmo porque nem nestes eu fugia da rotina fundo-conservador x gelatina-light-de-limão.

- Com isso, eu percebo que teria muito mais chances se tivesse vindo para cá aos 10 anos.

E o velho respondeu:

- Seria uma vantagem natural. Não atoa que dizem que estes vêm como anjinhos. Mas lamentação de nada adianta agora. Sabemos que, considerando tudo, não chega a ser merecedor de passar a eternidade aqui no limbo. Mas ter abdicado da vida apenas para sobreviver fez com que perdesse o direito de passar direto deste ponto. E é por isso que tenho uma pergunta para você, agora que sabe das regras: o que faria se tivesse mais uma chance?

E sem pensar muito, o candidato falou:

- Abusaria do ócio de alguma pessoa que esta tomando o mesmo caminho que eu e faria com que escrevesse o post mais brega de sua vida. Não para que este se envergonhe, mas para que reflita um pouco e evite que no final de sua caminhada não tenha que assistir tantas cenas repetidas quando estiver aqui, na frente do senhor, vendo a vida dele passar diante de seus olhos.

Os portões se abriram.

A cabeça também. Boa noite! ;)

31 de jul. de 2009

Respirando

Talvez porque eu seja tão pequenina, me sinta como alguém que precisa ser aquecida, ser embalada. Ou, talvez porque eu seja tão pequenina, não sinta segurança o suficiente para dizer que eu me basto. Eu já disse muito isso antes. Antes. Agora, não mais. Não digo.

Em meio a tantos assuntos para me declarar, não consigo pensar em nada além de como me sinto em relação a isso tudo, em relação ao que acontece comigo. E então chego a conclusão que estou sendo egoísta. Estou sendo, não. Sou.

Talvez por todo esse egoísmo é que eu seja assim tão pequenina. Os verbos sou, penso, sinto não demonstram altruísmo algum quando estou a escrever. É um sufoco. Um sufoco imposto pelo mundo. Pela vida desregrada. Pela vida imprecisa.

E então percebo que o meu sentir não é egoísta por si só. O meu sentir também vem do mundo. Não sinto só por mim. Sinto por vocês. Por todos nós. Por essa vida desregrada. Por essa vida imprecisa.

A graça de viver que está sendo deixada de lado quando colocamos todas as nossas angústias frente às nossas alegrias. O que está sendo deixado para trás.

Talvez o meu egoísmo apenas seja um espelho daquilo que a humanidade se tornou. Aliás, um espelho daquilo que a humanidade sempre foi. O egoísmo humano. Egoísmo terreno.

Chego ao ponto, neste momento, de parar tudo. Anestesiada, como sempre pedi para não ser, deixo arrancar de mim todos os cacos que foram penetrando a pele durante os anos. Anestesiada, deixo que tirem de mim cada pedaço de humanidade, que já não me serve de nada.

Eu tenho passado pelos mesmos problemas, eu tenho feito as mesmas coisas para que tudo aconteça sempre da mesma forma. Eu vivo me perdendo e nunca há lugar algum em que eu possa ser encontrada. Vivo me machucando. E grito, choro, anestesiada, para que me abrace, me segure, me embale, me descubra, me aqueça... e me respire.

"The storm is coming but I don't mind.

People are dying, I close my blinds.

All that I know is I'm breathing now.

I want to change the world, instead I
sleep.

I want to believe in more than you and me.

But all that I know is I'm breathing.

All I can do is keep breathing.

All we can do is keep breathing now."

[Ingrid Michaelson, Keep Breathing]

24 de jul. de 2009

John Lennon errou

Eles conversavam sobre os sonhos de infância. Era uma conversa banal sobre as coisas que sonharam um dia e que não se realizaram. Piloto de fórmula um, cabeleireira, jogador de futebol, manicure, bombeiro... Iam intercalando. Uma casa com cerca branca, ela lembrou com um sorrisinho ao pensar no apartamento que estavam reformando para irem morar. Um castelo com fosso cheio de jacarés - ele lembrou - e gargalharam juntos.

Um namorado de olhos azuis que soubesse tocar violão, ela emendou assim que os risos cessaram. Então ele, com ar de brincadeira, disse que ela havia procurado mal, já que olhos azuis ele até tinha, mas de música ele nada entendia. E era a mais pura verdade.

Ele completou dizendo que dera a sorte grande ao encontrar uma morena, bonita de doer, que fala muito e não sabe fritar um ovo - assim como ele sempre havia sonhado. E riu enquanto afundava o garfo na lasanha que ela tinha acabado de preparar no microondas.

Como já estava combinado, dentro de meio ano teriam uma bela festa de casamento. Esgotaram suas reservas e ainda buscaram alguma ajuda com os seus pais. Tudo corria dentro do esperado: ela completamente estressada e ele tão sossegado que arranjara outro dia na semana para jogar futebol. Ela enlouquecia só de pensar no descaso do noivo com aquela que prometia ser a noite mais importante dos dois até ali.

Os seis meses se passaram como poucos minutos. E a última briga antes de casados foi motivada justamente pelo "sagrado futebol", que aconteceu, inclusive, na véspera do casamento. "É a última partida dele no time dos solteiros", argumentou rindo o sogro do rapaz que, para contrariar todas as histórias de sogros, gostava muito do futuro genro.

O casamento correu como haveria de correr. Mulheres se amontoando para ver a noiva entrando, homens fingindo não se importar, brincadeiras sobre o buque que ainda estava nas mãos daquela que entrava de branco na igreja...

No entanto, quando o padre iria declarar o motivo pelo qual todos estavam ali, o noivo levantou o braço interrompendo o celebrante, acenou para um dos padrinhos que sumiu na sacristia, subiu os dois degraus que os separavam, pegou o microfone, recebeu um tapinha nas costas, limpou a garganta e disse:

"Boa noite a todos. Sei que o meu papel hoje aqui diante de todos vocês se resumiria a dizer umas poucas palavras e que, tendo diante de mim uma mulher tão deslumbrante, não poderiam ser diferentes de 'sim, eu aceito'..."

Neste momento o padrinho sai de sacristia e entrega a ele um violão.

"... no entanto, há cerca de seis meses enquanto conversávamos sobre os nossos desejos de infância, descobri que Ela, pelo simples fato de ser Ela, realizava todos os sonhos que eu jamais poderia ter tido por mais que tivesse me esforçado para isso. E fiquei sabendo também que um dia ela sonhou ter um namorado com olhos azuis e que tocasse violão.

Por isso eu ensaiei duas vezes por semana durante esses últimos meses enquanto ela imaginava que eu jogava futebol. E para que não pensem que já começamos tudo com uma mentira, na primeira semana eu fui, de fato, jogar bola nestes dias. Depois disso, ela não me perguntava mais ao me encontrar de chuteiras. Difícil foi explicar ao professor de música o porquê de eu não usar um calçado mais confortável.

E foi assim que completei a metade da descrição do "sonho de namorado" em que o DNA não me ajudou. E é por isso que peço perdão ao padre, aos padrinhos e a todos que estão na igreja por ter interrompido justo antes que ele nos declarasse marido e mulher. “Mas deste modo eu já não seria mais um namorado.”

E antes que terminasse de falar deu seu primeiro acorde.

Ela não se lembra de uma só nota da música. Mas ainda assim afirma que continua sendo a mais bonita que já ouviu em toda sua vida.

21 de jul. de 2009

You say goodbye... and I say:

Estou viva. Vivissíma. E volto. Volto logo.
Prometo. Não se desesperem.
Quando voltar, também prometo melhores textos. Melhores visitas. E muita saudade pra matar.

Beijos.

5 de jul. de 2009

Coração em formato de moldura

Esta foto fora um presente do filho mais velho daquela família de quatro pessoas dado à sua mãe às vésperas do seu embarque para a guerra. Aquela senhora sustentava o marido que deixou de trabalhar prematuramente devido a um acidente de trabalho que lhe custou o braço e nenhuma renda na aposentadoria; e ao seu filho mais jovem que sofria de uma doença para a qual nenhum médico, padre ou benzedeira havia dado solução. Era um mal do espírito, dizia.

O jovem soldado sabia dos riscos da sua carreira, mas não queria deixar somente sobre os ombros da mãe o sustento de mais duas bocas. Resolveu ser militar porque era a opção que lhe restava. Além disso, nutria a esperança que um filho no exército traria alguma orgulho ao peito do pai que tanto sofria com o seu próprio destino.

A foto emoldurada era o único registro que aquela senhora preservou de sua família. Dizia que era desta imagem que tirava suas forças, pois tinha a cerrteza de que seu o filho no quadro a acompanhava durante todo o tempo. Seu marido morreu antes mesmo de saber que o filho soldado jamais voltaria das batalhas. Seu filho mais novo a abandonou para encontrar o irmão, segundo ele mesmo contou antes de se jogar na frente de um caminhão. Por isso a senhora, que dantes sustentara o lar passionalmente não atirou aquela fotografia contra o chão quando recebeu a notícia de que seria impossível chorar sobre o corpo de seu filho mais velho, uma vez que recebeu apenas o seu coração em uma caixa. Inexplicavelmente, este teria sido o único orgão que resistiu a explosão que o vitimou. Ela aceitou aquele pedaço de carne com a esperança de que ele ainda estava vivo em algum lugar. E esperaria por ele.

Na noite em que se juntou aos seus, ela estava acariciando a fotografia - como fazia todos os dias -quando acidentalmente deixou que o quadro caísse no chão. E foi sob lágrimas que ajoelhou no chão sem se importar com os cacos de vidro que o acidente provocou e, como que em penitência, descobriu e leu a mensagem que seu filho mais velho havia escrito no verso da fotografia:

Querida Mãe,

Se esta lendo esta mensagem é porque jamais retornei da guerra. Por isso pedi ao fotógrafo que fizesse com que os meus olhos a acompanhassem sempre que olhasse para mim. Eu queria estar sempre junto da senhora, assim como trago toda sua força e carinho dentro de meu coração.

Sempre te amarei.
Seu filho.

Não foi a emoção ou tristeza que levaram a sofrida senhora. Tenho plena certeza de que aceitou partir da vida porque finalmente teve a confirmação de que não precisaria mais esperar por seu amado filho.

21 de jun. de 2009

Esperou a água começa a correr pra deixar a lágrima cair. Não apenas uma lágrima, mas milhares dela, saindo com tanta força dos olhos, como um vulcão em erupção. Era doloroso. Estava muito magoada. Não que o fim fosse realmente o fim da vida, mas ela estava habituada a ele, a voz dele, ao cheiro dele...

Ela só queria estar perto, dormir abraçada, ficar quietinha, sentindo o calor da respiração.

Mas ele não conseguiu. Não sabia confiar nas pessoas. E deixou tudo morrer, aos poucos. Tirando um pedacinho dela todos os dias. Com doses homeopáticas de veneno diário.

E a explosão das lágrimas aconteceu na hora do banho. Ela não queria mais chorar por ele. Ela não queria sentir aquilo que sentia. Aquele sufoco, como se a sua via respiratória fosse obstruída por alguma coisa cortante...

A boca se abriu o mais que podia, tentou respirar, suspirou. Sentia dor. Dor incurável, dor insuportável. Nenhum analgésico podia fazer aquilo passar. E ela não sabia o que poderia fazer pra não sentir.

Sem anestesia, tiraram seu coração.
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"Perto de você, eu não pude ficar.
Tente não me esquecer. Eu vou tentar sempre te amar."
[Bromélias, Bidê ou Balde]

20 de jun. de 2009

Abri portas e janelas para você entrar.
No entanto, você preferiu pular a cerca!!!

6 de jun. de 2009

Reticências

Fechado. É o que você está.
É a palavra dura que ressoa pela sua boca. A voz calma e doce tenta esconder a dor causada. Se acostumar não é amar.
Me escolha, me queira, me ame.
Não se acostume.

Eu quero você comigo. Eu quero você ao meu lado. Eu quero você.

11 de mar. de 2009

Uma hora ou outra, todo mundo vai precisar parar, olhar para o céu e gritar:

- Volte, alma minha!

8 de mar. de 2009

Uma singela "homen-agem"

A bíblia tem uma passagem que sempre causou controvérsias e implicância entre os sexos: a de que a mulher foi criada a partir de uma costela do homem.  Possivelmente esta versão foi escrita deste modo para justificar uma posição menor da mulher em uma sociedade machista.

Mas os tempos mudam – e aqui nenhuma referência ao descrédito do criacionismo.

A poesia mudou! E como diz a sabedoria popular: “Deus escreve certo por linhas tortas”.

Se a costela de Adão foi a forma deixar claro para as mulheres que elas eram menos que os homens. É impossível não pensar, hoje, em uma releitura.

As costelas protegem alguns órgãos vitais. Então, ao tirar este osso de Adão para fazer a sua companheira, a mensagem que Ele passou é que dali por diante o coração dos homens estaria para sempre vulnerável. E por causa das mulheres.

Elas para sempre seriam - e são - as donas dos seus batimentos e, por que não, do seu fôlego e suspiros, uma vez que o pulmão também se esconde atrás das costelas.

... e o pior é que sempre souberam disso!

Feliz 08 de março!

7 de mar. de 2009

A última que morre

Era uma questão de sobrevivência.

Ele matava aquele resto de esperança, ou ela não o deixaria mais respirar.

Tentou afogá-la. Lágrimas e bebidas. Em vão: esperança nada!

Solução equivocada para o problema errado.

Soterrou com lembranças e hoje vive para o momento.

28 de fev. de 2009

"Todas as cartas de amor são ridículas"

Passou horas escrevendo uma carta de amor que seria sua obra-prima. Rasgou-a depois de pronta. Nunca seria boa o bastante tendo demorado tanto para ficar pronta.

31 de jan. de 2009

Sem reticências

Ele gosta dela. Ela sabe.
Ela gosta dele, ou um dia assim disse. 
Demonstram isso se ignorando.
Ele porque assim foi solicitado.
Ela porque os problemas lhe ordenaram.
Ambos porque são teimosos.
Se insistissem no contrário, seriam obstinados.
Como omitir não é mentir, seguem com suas meias-palavras.

O que um dia foi platônico, hoje é (infelizmente) lacônico.

26 de jan. de 2009

24 de jan. de 2009

A mãe e o sniper

Era uma viagem longa e ela devia muito papo para conversar, provavelmente pelos vinte dias de assuntos acumulados no tempo em que passou servindo ao seu ocupadíssimo filho na cidade em que ele agora morava.

Então encontrou aquele jovem que, por pura educação, se dignou a responder qualquer amenidade sobre o tempo quando adentrou ao ônibus e ergueu as sobrancelhas para demonstrar surpresa e admiração pela recém promoção de um jovem cirurgião, que agora já se tornaria o ocupadíssimo cirurgião filho daquela mesma mãe.

Sobrancelhas arqueadas e pessoas carentes deveriam ser mantidas em distância segura. Sempre!

Foi então que a orgulhosa mãe sentou-se ao lado do, até então, simpático rapaz e narrou aquela versão materna dos Lusíadas - com menos seres medonhos e, claro, muito mais trombetas vitoriosas.

E assim, cada conquista fora minuciosamente retratada ao ouvinte, que até então não tivera sido interlocutor, um pouco por falta de vontade e muito por falta de oportunidade.

Numa época onde anti-heróis são protagonistas e heróis apanham muito antes de conseguir alcançar um objetivo, aquele jovem era uma proeza! Nunca passara uma dificuldade! Era uma espécie de 007 Shean Connery, quando o mocinho sequer amassava o seu terno.

Passou em primeiro lugar no primeiro vestibular (para medicina!) que tentou - embora ao ouvir a palavra "tentar" o calmo ouvinte tenha esboçado um sorriso meio de deboche que não foi notado pela mulher que falava ("um cara desses não tenta nada!"). Passou em primeiro lugar para a residência, que agora fazia em "um dos mais importantes hospitais de São Paulo". Tem a namorada mais linda do mundo. Tem amigos animados. Tem dinheiro - muito...

Em todo o tempo que falou, este arauto maternal não trouxe a tona uma febre sequer, qualquer deslize que fosse. Um rapaz irrepreensível!

E assim correu o tempo. Menos do que ela precisava, mais (muito mais) do que ele gostaria. E a viagem ia seguindo daquele modo: a cada curva da estrada, uma vitória do rebento. Longos quilômetros...

Quando o ônibus finalmente foi acomodado em sua plataforma de desembarque. O jovem, que naquele momento beijaria o chão tal qual o Papa mais popular, fez menção de levantar para partir e teve seu braço segurado. Disso resultou a pergunta que jamais esperava que surgisse naquela viagem:

- E você?

Os pensamentos correram para todos os lados. Não estava preparado para aquilo. Não saberia o que responder! Falaria dos seus sonhos? Do seu trabalho? De onde mora? Não... ele não queria se estabelecer como parâmetro para reforçar o brilhantismo daquele de quem a saga não o deixara dormir.

Então, do fundo da sua pequenez (reforçada depois de viajar ao lado da progenitora de um ente, obviamente) foi que ele agiu com a frieza de um atirador de elite que possui apenas uma oportunidade. Puxou de sua memória o único verso do único poema que conhece e falou com um sorriso plácido:

- Eu? Bem... "Eu nunca conheci quem tivesse levado porrada na vida."

21 de jan. de 2009

Emoções alugadas

Ela era do tipo independente que, apesar de não ligar muito para convenções, se mantinha muito discreta em suas questões particulares. Diferente de muitas pessoas, adorava a suas chamadas tias velhas, mas, igual a todas as pessoas, odiava quando queriam saber sobre "como andavam os gatinhos"?

A princípio argumentava para si mesma que o que a incomodava na questão era o plural - "Sou uma puta, por acaso?" - mas logo se convencia de que a insatisfação era com a interferência em sua vida pessoal e, justamente em uma área em que ela ainda não se achava bem resolvida. Suas tias eram como aquelas pessoas que lembram a você da mancha de molho em sua camisa, mesmo tendo sido você o algoz e a vítima daquele volume de pesto que voou do garfo.

Naquele sábado a tarde, em que parecia que o sol não se decidia entre ir e vir, já contando com a certeira pergunta resultante da mais-que-certeira visita de suas tias, resolveu que ficaria chocada e chegaria a chorar, sim, mas pela dor dos outros. Pegou sua bolsa, óculos escuros e um pacote de lenços - desejava precisar deles - e foi ao cinema. Calça jeans e camiseta: esta seria seu uniforme naquele dia onde as lágrimas derramadas não seriam, de direito, dela. Por isso aceitou ir tão "comum".

Chegou cedo. Muito cedo! Mas não podia correr o risco de assistir ao filme errado. Entao postou-se diante da saída do cinema e passou a observar a reação do público, sem sequer saber qual filme seria. Não queria escolher pelo mocinho, pela história ou mesmo pelo diretor. Queria um filme pela emoção que provocaria nela.

Sala 1: Saiu um monte de crianças reproduzindo uma fala qualquer do filme. Nem pensou duas vezes. Um monte de moleques felizes com os pais seria, de novo, motivo para que os sofrimentos dela aparecessem. Não era esse o objetivo. Tal qual não era o da Sala 2, que trazia um monte de casais que pareciam fazer ali o seu primeiro programa juntos. O que poderia se refletir em mais uma dor de ferida cutucada retornou um pequeno sorriso malicioso - "sorte a minha não ter um cara que me convida para o cinema antes de saber direito se me chamam de Ju por ser Júlia, Juliana ou Jussara."

E assim, ao fim de cada sessão um novo pensamento. Descartou a sala de onde dois adolescentes saíram trocando soquinhos e onomatopéias. Passou direto pela sala de onde vinham pessoas com cara de nada, todos empolados em seus pensamentos intelectuais. "Droga! Lágrimas não precisam de grandes questões filosóficas!", pensou a jovem que já ficava saturada dos malditos "Multiplexes" quem empilham filmes nos shoppings.

Até que viu um indivíduo sair de uma das salas com um semblante óbvio de raiva. Não era a emoção que ela queria, mas era uma de verdade! Nada de sorrisos bobos, olhares apaixonados. Não havia leveza na alma! Era sofrimento alheio na mais pura essência! Quando se aproximou para ver o número da sala para comprar o ingresso que a levaria para essa jornada de emoções ouviu o homem que atirava seu ingresso no lixo reclamar que trabalhava no inferno e que nem uma boa comédia podia assistir em paz sem que mandassem mensagens para seu celular.

A ela restou guardar para si mesma um pensamento que a divertiu por alguns segundos: bem que avisam para desligar o celular...

Ja convencida de que seria mais um sábado daqueles onde sua auto-estima era completamente destruída antes de sequer pensar em sair na noite - o que, diga-se de passagem, ajudava bastante na sua condição atual - foi que viu a porta a sua frente se abrir com pessoas notadamente mexidas. Mulheres choravam copiosamente, crianças consolavam os pais, homens quebrando o já frágil protocolo de que não deveriam chorar. Era perfeito! Era tudo que ela precisava: chorar a dor dos outros sem julgamento de quem estivesse do lado. Todos inundariam aquela sala de lágrimas juntos pelo sofrimento de alguém que talvez nunca tenha existido.

Carpideira! E do tipo que não espera receber. Pelo contrário, pagaria pelo "serviço". Mas tudo bem, seria meia a entrada.

17 de jan. de 2009

Limpeza no baú

Resolveu que naquele dia arrumaria todas as lembranças que carregava. Não as colocaria em ordem cronológica ou alfabética, apenas queria tirar o pó dos seus pensamentos e, agora com algum espaço de tempo, avaliá-los. Ainda não sabia qual destino daria a eles.

Começou pelas lembranças de infância e riu de cada uma delas. Como pode ter dado tanta carga de emoção para coisas que hoje julga tão pequenas? 

Então pensou que se um dia voltasse a fazer esta limpeza, certamente acharia engraçado o quanto sofre por causa de seus "grandes problemas" de hoje. Continuou rindo das lembranças de infância, mas agora com uma certa deferência às cicatrizes (a maior parte delas na pele) e chegou até a se emocionar com a memória do dia que reclamou que só tinha pão com manteiga ou quando reclamou que não era aquele o brinquedo que queria. Mesmo assim as guardou.

Aproveitou a consciência recém adquirida e passou para a pasta dos problemas. Iria começar pelos grandes, claro! 

Mas ai veio a questão: quais seriam os grandes?

Resolveu, então, pegar os que viessem primeiro. Chegou a conclusão de que, de fato, nenhum deles deveria estar ali . Então foi dividindo o conteúdo desta pasta entre outras duas: "experiências" e "nada". Nesta primeira foram parar os que fizeram dele um homem melhor, mais forte e até mais generoso. Na pasta "nada" foram os antigos problemas que o fizeram se arrepender até de tê-los guardado... eram embrulhos muito grandes, que ocupavam enorme espaço e que só estavam cheios de mágoas! Todos para o lixo... sem olhar.

As lembranças das brigas foram pelo mesmo caminho.

Então resolveu partir para a mais difícil de todas as caixinhas: a dos relacionamentos. Nunca conseguira olhá-las de forma imparcial. Todas elas tinham um laço enorme de culpa quando guardou. Culpa dele. Culpa delas. Algumas com embrulhos tão iguais que parecia tolice ter guardado duas memórias assim, mas era tanta culpa amarrando essas lembranças que ele jamais pensara em sequer pegá-las para ver.

Então suspirou fundo e resolveu que aquele seria o dia em que abriria a Pandora de dentro do seu peito. E ficou absurdamente surpreso ao ver que as fitas estavam completamente poídas. Nenhuma culpa resistiria a tanto tempo. Culpas dele e dela indiscriminadamente destruídas, pois a culpa não era de nenhum dos dois. Nunca foram.

E assim foi revisitando cada uma das lembranças dos relacionamentos passados. Era impossível perder o sorriso no canto do rosto! Como pode ter feito aquilo? Ter sido tão impulsivo? E aquela atitude? E ria de alegria em saber que, diferente do que sempre pregara, não "havia perdido seu valioso tempo com ela."

Viu que as garotas não eram tão cruéis quanto ele pintava nas mesas de bar e, ao mesmo tempo, se convenceu que não fora aquela vítima que sempre acreditou. Todos tiveram suas cotas de sofrimento. Todos tiveram suas cotas de experiências.

Então achou que não deveria guardar todo aquele tesouro com ele. E, após limpar e olhar com clareza as suas lembranças, resolveu devolvê-las e reparti-las com as suas donas. Sabia que não teria mais nada com elas, mas não podia deixar memórias tão valiosas se estragando no fundo de um baú. E o que é pior, ocupando espaço para novos momentos.

Escreveu a cada um dos ex-amores e contou tudo que viu ali. Era como se estivesse devolvendo os discos e livros favoritos da sua antiga esposa, mas sem o tom de vingança que tal procedimento carrega. Devolveu aqueles "livros" e "discos" justamente porque elas gostavam deles muito mais do que ele.

Ficaram ambos mais leves. O baú e a alma.

Os ex-amores ainda não responderam. Devem estar sem entender - ou limpando seus baús.

13 de jan. de 2009

Pro[fim]ximidade

Eu só sei que ele resolveu se permitir sentir aquela coisa estranha, que podíamos chamar felicidade.
E admitiu que o sorriso ultrapasse seus lábios e se postasse ali durante um bom tempo; tempo o bastante para ele mesmo perceber que estava sorrindo mais, com maior frequencia.
A crueldade e a bondade foram usadas na hora certa, mesmo sem imaginar que era...
E eles resolveram não pensar em mais nada, só passar o tempo juntos.
Ele não escolheu o caminho incerto, e os dois corações [um que havia ido para casa, e o outro que pensou estar partido] passaram a caminhar lado-a-lado, sem mais duvidar que a felicidade existia e havia sido dada a eles no exato momento em que se conheceram.
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"She is a sensation...
No matter what you do
I´ll give my heart to you
No matter what they say
We can find a way..."
[Ramones]

Texto escrito e ultrapassado, mas não poderia deixar de publicá-lo pela intensidade dele. Significou muito para mim; vai ser vivo, colorido e importante para sempre [mesmo breve, foi intenso].

9 de jan. de 2009

Descoberta

Não há mais como negar a verdade que vivo: amo em demasia. Eu amo. Assim puro, assim simples.
Amo como quem chora de emoção. Amo como quem ganha medalha de Ouro nos Jogos Olimpicos.
Amo em grandes proporções.
Engraçado é pensar que amar assim é denso, sufocante. Não é. Amar em demasia significa o oposto: ser leve. Não prender, não exigir, não desejar, não chorar pelo que se foi.
Em grande proporção é o amor que carrego cá dentro, guardadinho, sem sufocar.
Amo desejando tudo o que de melhor a vida tem a oferecer. Amo me colocando à disposição para o que der e vier. Mas não quero que correspondam esse amor.
O amor que sinto me basta...
Eu sou o amor. E você?

1 de jan. de 2009

The first one

Há algum tempo venho pensando e repensando em coisas para escrever e simbolizar o começo de um novo ano. Todas as vezes em que me sentava diante desta tela, as palavras fugiam. Não havia léxico suficiente para expressar a sensação que eu tinha. E ainda não há.

É muito simples enumerar os pontos altos de 2008 e listar os planos para 2009. Mas não era isso que eu estava buscando para o meu primeiro texto do ano. Aliás, esse texto tem um pé em cada ano: ele começou a ser desenvolvido em 2008, mas está sendo registrado em 2009.
Com certeza absoluta, 2008 foi um ano de muitos marcos para todo o mundo. Ganhamos e perdemos com a freqüência e velocidade da luz; fizemos amigos, deixamos alguns outros no passado, logicamente sem nos esquecermos deles.

Tive medo dessa chegada de 2009. Talvez eu não quisesse sair de 2008 por estar presa a muitas coisas boas que aconteceram. A minha espiritualidade se ressaltou, e espero que eu continue assim, bem pertinho de Deus, durante este novo ano. Trabalhei bastante e consegui desenvolver muitos projetos. Amei. Mas me machuquei mais. E não me arrependo disso. Talvez tenham sido por causa das feridas que eu tenha me tornado uma pessoa melhor. Fui mais digna. Digna de Deus, digna de mim. Respeitei minhas vontades, minhas escolhas. Respeitei meus sonhos, embora tenha pensado esquecê-los.

É engraçada essa sensação que o final de ano causa na gente. Não sei se em todas as pessoas, em mim pelo menos. Não tenho o costume de fazer retrospectiva, analisando tudo que deixei passar e poderia ter sido feito, ou tudo que fiz e não precisava fazer. Mas penso, em geral, como uma etapa de renovar as esperanças. Não é porque mudou o ano que alguma coisa vá mudar na minha vida. Talvez vá. Principalmente neste ano. Mas não porque virou, e sim por que as conseqüências de meus atos estão começando a explodir agora.

Não posso dizer que AMEI em 2008. Eu ainda amo. Mas esse sentimento de amor que eu tenho acordado aqui dentro é esquisito. Ou não. Talvez seja esquisito porque eu não estive acostumada a uma coisa tão simples assim durante toda a minha vida. Talvez isso seja realmente amor. Ou compaixão. Ou seja apenas um sentimento calmo e puro que eu esteja adquirindo com o passar dos anos.

Parando realmente pra pensar, os anos passam e essa passagem é marcada nesta data em que a gente queima fogos de artifícios. É pra isso que serve toda essa festa, que antes eu não entendia. Serve para dar adeus ao ano que passou e, muitas vezes, não foi bom para algumas pessoas. Então a gente fica ali esperando ansiosamente para dar adeus ao que a gente não quer mais viver, com fé em Deus e esperança no coração de que os fogos, os ventos e as ondas irão levar tudo de ruim que nos aconteceu no ano anterior. E, talvez, nossa fé realmente faça com que tudo mude. E o ano seguinte começa com mais vivacidade, com alegria e com as forças renovadas.

O ser humano precisa disso. Eu preciso disso. Preciso dizer que 2008 se foi, e embora tenha sido muito bom para mim, não espero sentir saudade dele porque quero que 2009 seja um ano mais maravilhoso que todos os outros passados. Espero que 2009 seja o ano de verbalizar tudo o que nós planejamos. E que não tenhamos apenas planos, mas que tenhamos formas e meios para colocar em prática tudo o que foi sonhado.

Que este NOVO ANO venha carregado de verbos: florescer, ajudar, aprender, rir, ensinar, compadecer, partir, voltar, dançar, brincar, perdoar, sonhar, escrever, ler, ouvir, dar as mãos, abraçar, correr, pular, beijar, querer, rezar, agradecer, apaziguar, comprometer-se e amar. Amar e mais amar como se fosse a única coisa mais importante de toda a nossa vida.

Um beijo carregado de verbalização.