29 de set. de 2008

A decisão.

Ele correu em busca de tudo que pudesse salvar aquilo que, antes, ela sentia por ele. Mas era tarde demais. Ela não queria mais arriscar. Tinha muito a perder por pouco. Ainda se fosse valer a pena, arriscaria. Tenho certeza que ela jogaria tudo pro alto só para tentar ser feliz.
Havia cogitado dar uma chance, não para ele, mas para si própria. A felicidade parecia tão simples ao lado dele. Porém, ele conseguiu fazê-la mudar de idéia.
Não podia se sentir comparável à outra. Se ele a amasse, assumiria todos os riscos.
O seu repúdio pela covardia começou a eclodir. Ela não ia lutar sozinha. Não ia perder sozinha. Amar sozinha não tem graça. Era essa a única certeza que ela carregava consigo.
Ele continuou insistindo, mas a situação já estava decidida e, até agora, não se sabe o rumo que tudo levou.
Ela só quer ser feliz de novo.

27 de set. de 2008

O início do fim

A semana passou num piscar de olhos. Já não era livre. Queria vê-lo, queria senti-lo. Ela estava dominada pela emoção. Era uma prisioneira. Disse a ele que estava com saudade. Que equívoco! Deveria ter ficado quieta.
Ele passou os dias como um ser esnobe. Ela estava inconformada. Não aceitaria que ele a fizesse sofrer. Não havia sofrido assim pelos homens mais preciosos que teve na vida, não ia ser aquele nerd que iria pisoteá-la.
Resolveu avisá-lo.
“Querido, sinto que algo esteja acontecendo e, infelizmente, não preciso fazer de conta que tais fatos são inexistentes. Não insisto mais em nós.”
Mas ele não aceitou a decisão dela e foi correndo buscar o remédio.

22 de set. de 2008

O tudo, parte II

- Estou com saudade.
- Ah, não minta. Já disse que não adianta, eu não vou me apaixonar...
- Tudo bem, mas quero te ver.
- Não dá.
- Dá sim. To indo praí te ver. Desliga a Tv.
- Mas... não, eu não sei.
- Já pesquisei um lugar discreto, poderemos conversar tranquilamente.
- Não vou. Isso vai fazer com que eu me sinta mal.
- Ah, querida! O lugar não vai definir o que devemos fazer. Eu te respeito, confie em mim.
- Estou com medo.
- Não precisa tê-lo. Gosto de você.

E, pela primeira vez em sua vida, ela permitiu que a colocassem numa situação como esta. Já não sabia o que era ou o que significava tudo aquilo. Só sabia que ia perder muita coisa, principalmente um pedaço do coração.

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E é chegada a Primavera, meu período mais florido do ano. Sejam bem - vindas as flores, a brisa suave e o calorzinho do sol!

"Bom dia. Olha as flores que eu trouxe pra você, amor..."

(Marcelo Camelo, Bom dia)

19 de set. de 2008

Cecília e o espelho

Cecília se olhou no espelho esta manhã. Reparou bem na figura que a encarava. Delineador sobre as pálpebras superiores, risco preto abaixo, algumas marcas de expressão nos cantinhos dos olhos, que já tiveram brilho um dia...

Foi o que ela precisava para perceber a passagem do tempo. Naquele momento, um flash veio em sua mente. Como era aos 15 anos? Bem pouco se lembrava... mas conseguiu enxergar a luz que carregava no olhar e no sorriso. É, Cecília foi a menina de sorriso fácil e olhos sinceros. Ela chorava na frente do espelho só pra ver se ficava bonita e se poderia ser atriz. E como queria ser atriz! Não porque gostasse de sucesso, não... mas porque queria sentir a sensação de viver um romance igual aos que ela via na TV.

Hoje, ao se enxergar no espelho, alguns anos mais velha, lembrou de tudo que quis ser e relacionou ao que se tornou...Ela já não sente falta do brilho, mas das paixões que iluminavam o olhar...

15 de set. de 2008

Em guerra

“Duas luas sobre a Terra
Apoiadas nos meus ombros
Iluminam os escombros
Da nossa última guerra...”


Guerra: sf. 1. luta armada entre nações ou partidos; conflito. 2. Expedição militar; campanha. 3. A arte militar. 4. Oposição.
(Mini Aurélio, 6ª Edição Revista e Atualizada)

Guerra deveria ser o nome disso que nós vivemos e deveria ter como sinônimo os nossos nomes, afinal vivemos em conflito necessariamente.
Necessidade é o que sentimos um do outro, tanto para o AMOR, quanto para o ÓDIO.
É nesta guerra incessante que criamos cicatrizes na ALMA.
Nossas ARMAS são artefatos poderosos, que podem levar à morte se o projétil atingir nosso mais frágil elemento: o ORGULHO.
Seus guerreiros não me conhecem. Eu LUTO sozinha contra o seu exército.
E, com todas essas certezas, seguimos fazendo escombros, matando, a cada dia, o mesmo soldado cansado de tentar apaziguar a situação: o AMOR.

MATAMOS O AMOR ONTEM.
MATAMOS O AMOR HOJE.
MATAREMOS O AMOR AMANHÃ...

... até que só nos restem as feridas abertas, porque sinto que nem as palavras, armas enferrujadas, restarão em nosso arsenal.


“...Seu amor seca hidroelétricas
Corrompe os melhores diáconos
Seu amor esquenta os átomos
E rompe com a minha métrica...”

12 de set. de 2008

Parti[n]do

Há alguns dias ela me avisou que precisava partir. Estava vestida de verde, com um meio sorriso no rosto. Não era o seu tom habitual, era menos luminoso, mais apagado. Tentei prende-la no quarto, fiz mil promessas para que não partisse, mas de nada adiantou, ela estava mesmo decidida.
Subitamente, comecei a chorar. Talvez as lágrimas a comovessem; talvez assim ela ficasse comigo...
Esforço vão. Ela não queria se manter ao meu lado, disse que não sobreviveria desta vez. Explicou-me, então, que precisava tirar férias.
- Ora, férias justo num momento como este? – perguntei indignada.
Ela sorriu. Com um abraço de mãe, disse que não podia continuar me apoiando neste momento; todo o azul dos olhos dele não seria suficiente para mantê-la radiante.
Hoje, Esperança se despediu de mim. Prometeu voltar assim que o moço dos olhos azuis e barba vermelha sair do meu coração.
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"He broken your heart
He took you soul
You´re hurt inside
Because there´s a hole
You need sometime
To be alone
Then you will find
what you always know..."
(Lenny Kravitz, I´ll be waiting)

8 de set. de 2008

O começo de tudo

- Não, eu não posso fazer isso. Não é certo!
- Por que não? Você não consegue apenas sentir? Nós não precisamos do que é certo ou errado, precisamos, apenas, sentir.
- Eu sinto, mas não posso. As sensações vão contra tudo o que eu acredito. Não posso contrariar minha moral.
- Ora, não precisa se culpar. Nós não estamos fazendo nada de mais. Por favor, entenda, eu gosto de você...
- Mas... mas...

E, naquele momento, o beijo selou a infidelidade dela. É o que ela vai carregar pro resto da vida, a única recordação daquele momento.
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"She holds a smile
Someone will hold the crying child
And everybody asks what became of you
You heart was dying fast
And you didn´t know what to do..."
(Death Cab for Cutie - Cath)

7 de set. de 2008

Caso

Eu tenho um caso.
Essa foi a melhor maneira que encontrei para começar a explicar os meus dias nebulosos. Não que eu precise explicá-los a alguém, mas é como se eu fosse parte de duas vidas que coexistem.
Eu tenho poucos problemas; carrego os triviais, aqueles que todos batalham para vencer. Tenho problemas pequenos, não gigantes. O maior deles é ter um caso. Um não, dois.
Eu quero ser livre. Sempre quis. Por isso, às vezes, escolho a solidão, para sentir que eu ainda tenho o direito de escolher. Me demoro um pouco dentro dela e começo a sentir falta do que, antes, eu tinha. Tomo uma aspirina para ver se passa, mas sempre me lembro que solidão não se cura com aspirina.
O segundo caso que arrumei tem cortado as minhas asas, não porque ele queira assim, mas estou presa a alguma coisa que não me deixa ir pra frente. Na verdade, eu perdi minhas asinhas e to esperando que elas voltem a crescer.
Antes de ter esse segundo caso, eu tinha um outro bem mais saboroso.
Eu tive um caso com ela mas, não sei como, ele acabou pela segunda vez. Ela continua, foi só o caso que acabou mesmo. E agora eu vou contar essa história de amor:
Meu caso com ela começou há muito tempo atrás, quando eu ainda era uma criança bobalhona. É, bobalhona mesmo. Enquanto todas as minhas amigas já tinham maturidade suficiente para entender algumas evoluções humanas, eu ainda carregava a ingenuidade e o pudor. Em contrapartida, também fui precoce em muitas coisas. Sempre soube a hora certa de calar e me retirar. Foi no período da adolescência que descobri meu amor. Uhum, eu amava as manifestações dela, sem me importar com a forma que apareciam. Esse meu amor por ela cresceu tão forte, que escolhi ser professora e cultivar flores.
Nas flores, e até mesmo na sala de aula, ela está presente e me faz sorrir. Ultimamente, acho que ela está um pouco magoada comigo. Isso aconteceu desde que o segundo caso entrou na parada.
Eu tenho dedicado muito de mim ao trabalho e, além do muito que consome de mim, arrumei mais alguém. Esse alguém surgiu e trouxe um turbilhão de sentidos com ele, afirmando que nada precisa ser definido, basta que apenas consigamos sentir... e as sensações nos manterão no caminho certo. Embora eu não concordasse com ele, resolvi e arriscar. Pela quarta vez, falhei em minha escolha, tomei a aspirina e obtive a mesma resposta de sempre: Solidão não cura com aspirina.
Ela reclamou comigo esses dias. Disse que eu a deixei de lado por causa do trabalho e dele. Ela entende que o primeiro faz parte dela, mas acha que ele não deve fazer. Acha, também, que ele não merece nenhum pouco da atenção que eu dediquei a ele. Muita irritada, eu a chamei de egoísta, e ela, magoada, resolveu não mais se manifestar.
Por isso ando assim melancólica. Ele, depois que percebeu a briga causada, está sendo aquele que some sem dar sinal de vida. Enquanto isso, eu tento reconquistar meu antigo caso.
Assim que ela me perdoar, eu poderei gritar novamente que tenho um caso com ela.
Eu tive um caso com a vida.