Não quero mais sofrer. O senhor bem sabe que esse é o maior motivo de não me entregar. Eu sempre escolho as pessoas erradas e estou muito cansada de colocar toda dose de
amor diário que possuo nas mãos de quem destrói essa coisa bonita minha. Porque, embora todos façam a mesma idéia sobre o
amor, o meu pode ser conceituado de diferentes maneiras. Eu sou o
amor, mas não aguento mais ver a minha capacidade de
amar ser inibida e esmiuçada. Eu quero viver esse lugar comum chamado
amor um dia, embora eu saiba que, mais cedo ou mais tarde, alguém vai me magoar, e eu vou achar que nunca mais o
amor vá se manifestar em mim.
E aí eu vou até o meu jardim, e uma flor vai me sorrir; então o
amor reaparecerá, e eu ficarei satisfeita com essas doses de
amor que terei incondicionalmente todos os dias ao olhar meu jardim florido, beijar minha cachorra, colher uma pitanga vermelha e adocicada. E vou passar muitos dias bem servida desse
amor divino, desse lugar não tão comum, que encontro dentro de mim e na natureza das coisas alegres. Pensarei que não mais precisarei entregar meus sonhos ao destruidor de Morfeu. Dias e dias irão se passar, enquanto vou saboreando o
amor que carrego cá dentro, até que surja, mais uma vez, alguém que não possua
amor algum, que viva como um vampiro, sugando todo o
amor das pessoas e depois parta, deixando mais um coração ensaguentado e partido.
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"Minha vida
Que fazer com minha alma perdida
Foi um raio de ilusão
Bem no meu coração
E veio com tudo
Dissabor e tudo..."
[Djavan]